25.9.09

Léxico: «farmácia de oficina»

Desleixo dos jornalistas


      «De acordo com o Infarmed, em 2008 foram registadas 208 alterações de propriedade de farmácias de oficina» («400 farmácias mudaram de proprietário», Correio da Manhã, 23.09.2009, p. 18). Da agência Lusa mandam assim o texto, e nos jornais deixam estar. Nem a generalidade dos jornalistas saberá o que é uma farmácia de oficina, quanto mais o leitor médio. O próprio decreto-lei (n.º 307/2007, de 31.08) que define o regime jurídico das farmácias de oficina não define este conceito. Como escreveu Vital Moreira há já cinco anos no blogue Causa Nossa, «antigamente os medicamentos eram feitos pelos farmacêuticos nas farmácias, verdadeiras oficinas de produção de fármacos. Hoje os medicamentos são fabricados e embalados nos laboratórios farmacêuticos». A maioria dos manipulados (designação que se dá aos medicamentos preparados manualmente, em farmácia ou nos serviços farmacêuticos hospitalares, mediante prescrição médica) é para a área da dermatologia. Vital Moreira concluía que o conceito de farmácia de oficina era arcaico, pertencia ao passado, e só servia «para continuar a legitimar serodiamente a ideia da exclusividade da propriedade das farmácias pelos licenciados em farmácia e a exclusividade da venda de todos os medicamentos, mesmo os de consumo e venda livre (como as aspirinas), em farmácias». Não sei até que ponto o nosso conceito, que subsiste apesar da alteração da lei, não deve algo ao francês pharmacie d’officine.

1 comentário:

Alberto Martinet disse...

No Brasil, dizemos farmácia de manipulação.