29.10.09

«Geografia», uma acepção

Outras latitudes

      Dizia o provedor do ouvinte da RDP, Adelino Gomes, na emissão da semana passada, a 54.ª, do programa Em Nome do Ouvinte: «Ficámos a perceber — e tem lógica — que a RDP África se dirige ao mesmo tempo a dois grandes públicos-alvo, situados em geografias e ambientes culturais muito diferentes — os africanos residentes nas regiões de Lisboa, Coimbra e Faro; e os africanos residentes nas diferentes ex-colónias portuguesas do continente africano. Assim como também, evidentemente, os portugueses ali residentes.»
      Fez de imediato lembrar-me um conhecido meu que, português embora, «vive em francês», e, em vez de contactos, nos pede «coordenadas». Sou o primeiro a dizer que a língua não se resume aos dicionários — nem a um só nem a todos juntos. Este sentido figurado de «geografia» soa-me estranho, mas talvez se possa estabelecer analogia com o vocábulo «latitude», de que os dicionários registam o sentido figurado «região». Claro que o provedor poderia ter dito «espaços geográficos». Este programa, já viram?, é disponibilizado em áudio e num guião, caminho que deveria ser seguido por outros.

[Post 2778]

Actualização em 20.2.2010

      Talvez se vá tornando uma acepção comum: «As restantes etnias da geografia russa vão dos cossacos aos tártaros, dos povos da Tuva aos evens e aos tungus, dos povos do Cáucaso aos mordovos, dos Qoriaques, de origem mongol, aos vepsios — todos integram aquele que é o maior país do mundo em área, com os seus 17 075 200 quilómetros quadrados» («Do Ducado de Moscovo a grande potência», Abel Coelho de Morais, Diário de Notícias, 20.2.2010, p. 18).

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