5.11.09

Autor e tradutor

Traductor non auges

      A primeira vez que deparei com uma análise etimológico-semântica da palavra «autor» foi em Camilo. Lembrei-me agora disso quando li em Vítor Aguiar e Silva (Teoria da Literatura, 8.ª ed. Coimbra: Livraria Almedina, 2000, p. 206), a propósito da distinção entre as designações «autor», «escritor» e «poeta», uma análise semelhante: «[…] autor é aquele que está na origem de algo, aquele que faz produzir e crescer e que é também, em conformidade com o uso jurídico do lexema, o garante (do vocábulo latino auctor, derivado de augere, “aumentar”, “fazer progredir”, “produzir”)» (p. 206). Consultemos agora, por exemplo, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: que perspectiva sobre a formulação autoral está nesta definição de «autor»: «aquele a quem se deve uma obra literária, científica ou artística»? E como algumas (não todas) coisas estão ligadas entre si, lembrei-me também de ter lido na edição de 31 de Outubro da revista Actual uma recensão da obra O Símbolo Perdido, de Dan Brown, assinada por José Mário Silva em que se lia na ficha bibliográfica «trad. de AAVV». Apesar de, na definição daquele dicionário, «tradutor» ser o «autor de uma tradução», será correcto abreviar desta maneira os nomes de vários tradutores? Mesmo que fosse (ou seja, vá…), somente em relação às obras de referência com vários autores se usa a abreviatura AAVV (ou AA. VV), para obras de outra natureza usa-se a expressão latina et al. depois do nome do primeiro autor.

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