8.12.09

Pragmatismo/pragmaticismo

Filosoficamente

      O leitor Afonso Dantas pergunta-me porque é que todos os dicionários no verbete «pragmaticismo» remetem para o vocábulo «pragmatismo». Todos não; alguns. «Trata-se do mesmo conceito?», pergunta. De modo simplista, o pragmaticismo é a redenominação do pragmatismo de C. S. Peirce (1839–1914). Explicando melhor: no final do século XIX, o filósofo William James (1842–1910) usou o termo pragmatismo numa conferência, tendo então atribuído a sua autoria a Peirce. Mais tarde, no início do século XX, este filófoso rejeitou o termo e passou a usar o vocábulo pragmaticismo para diferenciar a sua teoria da de William James. No ensaio (What Pragmatism Is, de 1905) em que se decide pelo termo «pragmaticismo», Peirce fala da ética da terminologia, discorrendo sobre as vantagens de uma terminologia precisa.
      No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, de facto, o verbete «pragmaticismo» remete o leitor para o verbete «pragmatismo». E apresenta-se, como é tão habitual neste dicionário, a seguinte etimologia do vocábulo: «de pragmático+-ismo». Contudo, o vocábulo não nasceu na nossa língua, vem do inglês pragmaticism, pelo que esta é uma explicação incorrecta.

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