31.12.09

Revisão

Mais Cerebrum


      «Uma mesa como secretária, um par de cadeiras cromadas idênticas, que pareciam ter sido encomendadas através de um catálogo de muse, pilhas de CD, uma aguda ausência de livros» (Já não Me Lembro do Que Esqueci, Sue Halpern. Tradução de Pedro Vidal da Silva e revisão de Lídia Freitas. Lisboa: Estrela Polar, 2009, pp. 17-18). «Havia dois monitores de vídeo a funcionar, cada um deles com o Dr. Amen na imagem e um mostruário com os livros, as cassetes áudio, os cartazes informativos e os DVDs do Dr. Amen para serem vendidos» (p. 47). «“Um dos subtestes que usei para estudar os efeitos do MindSpa foi para a memória e os resultados subiram significativamente”, disse-me Ruth Olmstead, uma psicóloga que ajudou a desenvolver a máquina e que a usa na sua prática com crianças e, cada vez mais, com adultos com problemas de atenção, depois de eu ter passado cerca de quarenta minutos por dia, durante um mês, deitada no escuro com os olhos fechados por detrás dos “óculos” emissores de luz e ouvindo o que pareciam ser martelos pneumáticos e comboios do metropolitano, interrogando-me, não sobre se a minha memória estaria a melhorar, mas sobre se iria sofrer um ataque epiléptico, que, segundo li, era o que me poderia acontecer» (p. 22). «Não olhamos para o QI global, mas para um perfil de desempenho ao longo de sub-testes — explicou-me o Dr. Yaakov Stern, no dia em que eu o apanhei, depois de ter dado magníficas conferências no Instituto Neurológico de Columbia acerca da razão pela qual algumas pessoas têm longas vidas sem sinal de demência» (p. 68). «O Dr. Scott Small, com uma camisa verde-escura e uma gravata verde ainda mais escura — sem casaco — apressava-se ao longo da Rua 168, na alta de Manhattan, empurrando depois as portas de vidro do Instituto Neurológico da Universidade de Columbia» (p. 17). «Os resultados dos testes seriam mais reveladores, decidi, caminhando ao longo da Rua Trinta e Quatro, de este para oeste» (p. 84). «Quando tinha vinte e tal anos, passei alguns anos na Universidade de Oxford a ler romances do séc. XIX e a fazer tentativas aleatórias para escrever uma dissertação na área da teoria política» (p. 75). «De acordo com os investigadores da Duke University, dirigidos por um neurocientista com um nome maravilhosamente epónimo de Roberto Cabeza, os adultos mais velhos que têm tão bons desempenhos como os mais novos tendem “a recrutar a metade esquerda, de outro forma inútil, do córtex pré-frontal do seu cérebro de modo a manterem o seu desempenho”» (pp. 92-93).
      Os tradutores podem ser assim incoerentes, o trabalho principal deles é outro — mas não os revisores.

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