29.12.09

Tradução: «lab-dab»

Irreconhecível

Coração bom-bom
Nunca faz tum-tum
como qualquer um.
Prefere outro tom:
— Fon-fon
e em toda esquina
mais alto que a rima
coração buzina.

ALMIR CORREIA. Poemas Sapecas, Rimas Traquinas (Belo Horizonte: Formato, 1997)


      «Segui-a até uma sala permeada por um alto e constante lab-dab, o pulsar do coração da grande máquina [aparelho de ressonância magnética] bege que estava à minha frente e na qual em breve seria enfiada» (Já não Me Lembro do Que Esqueci, Sue Halpern. Tradução de Pedro Vidal da Silva e revisão de Lídia Freitas. Lisboa: Estrela Polar, 2009, p. 29). A narradora enfiou depois um par de tampões de espuma nos ouvidos e pôs um par de protectores auditivos por cima, mas: «Mesmo assim, o lab-dab prevalecia.» Que diabo é isto, «lab-dab»? Talvez o coração dos Americanos bata assim, mas o meu faz (pelo menos a maior parte do tempo, pois já sofri de arritmias graves) tum-tum. Tum-tum! Pelos vistos, o coração (mesmo que o não partilhem...) do tradutor e da revisora não é português. E ainda dizem que somos todos iguais.

[Post 2951]

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