Confusão
«O único remédio eficaz para evitar a ressaca é não beber de todo ou beber moderadamente. O conselho, dado com humor, é do médico Martins Baptista, que todos os anos recebe vários casos de intoxicação nas urgências do hospital Pulido Valente, em Lisboa, devido aos excessos de fim de ano. É que os outros remédios, medicamentos ou tradicionais, têm pouco efeito e muitos são apenas mitos, garante» («Remédios não são capazes de evitar nem curar ressaca», Patrícia Jesus, Diário de Notícias, 28.12.2009, p. 13).
Sim, senhor: remédio é hiperónimo de medicamento, ou seja, o seu significado é mais abrangente do que o do vocábulo «medicamento», seu hipónimo. Vale a pena demorarmo-nos nesta questão, porque há muita gente a afirmar o contrário. Já Fr. Domingos Vieira, no seu Grande Dicionário Português ou Tesouro da Língua Portuguesa, escreveu que «remédio tem um sentido mais amplo que medicamento. O remédio compreende tudo que é empregado para a cura de uma doença. […] O exercício pode ser um remédio, porém nunca é um medicamento». O problema no artigo do Diário de Notícias é que usa a mesma palavra (elidida!) para o hiperónimo e para o hipónimo: «remédio» e «(remédio) tradicional». Como ao remédio caseiro (mais que tradicional) se dá o nome de mezinha, era de todo conveniente que a jornalista tivesse escrito da seguinte forma: «É que os outros remédios, medicamentos ou mezinhas, têm pouco efeito e muitos são apenas mitos, garante.»
[Post 2950]
Sem comentários:
Enviar um comentário