A propósito de um texto sobre os compostos com quase-, o bem informado leitor Franco e Silva deixou o seguinte comentário: «Pois é. Mas segundo a cartilha da Academia Brasileira de Letras (e candeia que vai à frente...) pela 5.ª edição do seu Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (regido pelo novo Acordo Ortográfico (1990)) será sempre quase e não sem hífen: quase livre, quase certo, quase ética, não alinhado, não caso, etc.»
Agora li o que, sobre a mesma questão, escreveu Josué Machado, jornalista brasileiro: «Outra curiosidade é a da Nota explicativa do Volp, página LIII. O Acordo excluiu o hífen quando as palavras “não” e “quase” agem como prefixos. Agora é “não agressão”, “não fumante”, “quase delito”, “quase irmão”. Estranho, no entanto, é o penúltimo parágrafo da Nota:
“Está claro que, para atender a especiais situações de expressividade estilística com a utilização de recursos ortográficos, se pode recorrer ao emprego do hífen nestes e em todos os outros casos que o uso permitir. É recurso a que se socorrem muitas línguas. Deste “não” hifenado se serviram no alemão Ficthe e Hegel para exercer importante função significativa nas respectivas terminologias filosóficas; nicht-sein e nicht-ich, de que outros idiomas europeus se apropriaram como calços linguísticos. Não é, portanto, recursos para ser banalizado.”
Aí, o professor Bechara foi longe. Quem escrever algo que ache importante, e quiser hífen em formações com “não” e “quase” para realçá-las, poderá fazê-lo.
Distrações, curiosidades, oscilações... Bem que Bechara previu que, apesar do esforço, os editores do Volp sofreriam críticas de quem procura erros alheios, hábito muito ruim: “Temos de fazer o melhor possível, mas de qualquer jeito vamos apanhar muito”. Nem tanto» («A Academia se atrapalhou», Revista Língua Portuguesa, aqui).
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