9.1.10

Regência verbal

Conversa de café


      «Teve “um problema de droga”. Esteve preso. Saiu da cadeia. Apaixonou-se. Juntou-se à namorada — já lá vão sete anos. Tornou a receber. Desde Maio, bolsa, passe, senhas de almoço» («Rendimento Social de Reinserção. Aprender pode ajudar, mas não faz milagres», Ana Cristina Pereira, P2/Público, 9.1.2010, p. 7).
      Esta forma reflexa do verbo juntar (e ajuntar), de uso popular, significa, como se sabe, amasiar-se, amancebar-se. O problema também é, não vale a pena fingirmos, de registo de linguagem, pois parece a transcrição de uma conversa de café com os entrevistados, com a jornalista a «encarar de frente» Paulo, o «avermelhado homem de 42 anos», a beber um favaios (derivação imprópria, senhora jornalista). Mas quero abordar outra questão. Será mesmo «juntar-se a»? É verdade que o Dicionário Houaiss só em relação à acepção pôr(-se) junto, unir(-se) [coisas diversas ou uma coisa a outra(s)]; reunir(-se) recomenda o uso da preposição com para indicar companhia, mas eu estenderia a recomendação à acepção usada no texto.

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