«Sara Tavares cancelou os seus concertos até Maio devido a um problema de saúde. A cantora foi operada, na semana passada, “a uma lesão expansiva no cérebro”, informa, em comunicado, a agência da artista, que acrescenta que Sara Tavares “já se encontra em casa e a recuperar bem”» («Sara Tavares foi operada», P2/Público, 18.2.2010, p. 15).
Das duas, uma: ou o jornalista não citava o comunicado, ou procurava saber, e informava os leitores, o que é uma lesão expansiva. Trate-se de jargão médico ou eufemismo, os leitores têm direito a saber. Aposto que algum leitor do Assim Mesmo saberá explicar do que se trata.
[Post 3159]
5 comentários:
Julgo saber o que é uma "lesão expansiva". Mas a questão, aqui, parece-me ser outra: não se percebe por que razão a agência de uma artista achou que devia mencionar as razões pelas quais ela está impossibilitada, temporariamente ou não, de exercer a sua profissão. Direi mesmo mais: parece-me uma violação do direito à privacidade da senhora, a não ser que ela tenha autorizado a divulgação naqueles termos. E então sim, poderia ter "traduzido" de que doença se tratava. Eu sei que o "air du temps" que hoje se respira é esse. Divulgar tudo e mais alguma coisa, independentemente dos valores que possam estar em causa, desde que em nome de outros valores cuja prevalência é definida por quem viola os primeiros. Mas não havia necessidade de exagerar. Se é para isto que a artista tem uma agência, mais valia que não tivesse!
Explicação do que é “lesão expansiva”.
O crânio é uma caixa óssea rígida; qualquer coisa que esteja se expandindo lá dentro está ocupando o lugar de algo que estava lá antes, no caso, o cérebro.
O Google em inglês tem 37.200 entradas sobre a expressão.
Comentário do Benévolo, do Brasil
Apoiado, Francisco. Ninguém tem o direito a revelar um diagnóstico, ainda que encoberto em jargão, sem saber se a pessoa em causa autoriza.
Entre neurologistas usa-se muito a sigla "LOE" - lesão ocupando espaço - em linguagem cifrada (por boas e más razões).
Muito bem, caros Francisco e R. A., mas sobre nós não impende nenhum dever de sigilo, pois não somos médicos de Sara Tavares. A mim, concretamente, interessa-me a forma como se escreve. No caso, critiquei, e mantenho as críticas, a forma como o jornalista escreveu, pois, querendo explicar, não explica nada, ficando nas meias-tintas.
Compreendo perfeitamente, meu caro Helder, mas há alturas em que a forma e o conteúdo são de tal maneira solidários - neste caso para o mal - que não resisti. Porque achei que, neste caso, mal escrito era tudo.
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