«TALGO são as siglas de Tren Articulado Ligero Goicoechea Orial. Goicoechea foi o engenheiro que nos anos 40 do século passado inventou este comboio articulado, onde as carruagens não assentam directamente nos rodados, e Orial o sócio capitalista que com ele formou uma sociedade» («Centenário Sud Expresso vai ser um moderno comboio-hotel a partir de 1 de Março», Carlos Cipriano, Público, 14.2.2010, p. 10).
Dois reparos: mesmo que TALGO fosse uma sigla, que não é, porquê o plural? Então sigla não é o nome que se dá à sequência formada pelas letras ou sílabas iniciais de palavras que constituem uma expressão? Por coincidência, ainda ontem revi um texto em que o jornalista afirmava que «o Exército de Resistência do Senhor (LRA, nas siglas inglesas) sequestrou desde os inícios da década de 1990 pelo menos quarenta mil menores para os obrigar a combater nas suas fileiras». Quais siglas? Só vejo uma! Mas sigla, sim, ao contrário de TALGO, que é um acrónimo, isto é, uma sequência formada pelas letras ou sílabas iniciais de várias outras palavras e que não se pronuncia letra a letra, mas sim como uma palavra corrente. Tanto é assim que se vê comummente Talgo e não TALGO.
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2 comentários:
A diferença entre acrónimo e sigla não é exactamente a que apresenta no seu texto.
A confusão deve-se, talvez, ao facto de em português haver dois vocábulos, para duas realidades que os ingleses referem apenas com um vocábulo.
Em português temos acrónimos e siglas.
Algumas siglas podem ser acrónimos, mas nem todos os acrónimos não podem ser siglas.
A sigla é constituída pelas letras iniciais de um nome ou sintagma e pode respeitar ou não a estrutura silábica da língua (EDP, PSP, PCP, EPAL, SIC).
O acrónimo é uma palavra formada com as letras ou sílabas iniciais das palavras de uma expressão, de acordo com as regras da estrutura silábica da língua. (Gave-Gabinete de AValiação Educacional; Frelimo-FREnte de LIbertação de MOçambique).
Outra informação importante que muita gente desconhece é que só as siglas (podendo ou não respeitar as regras da estrutura silábica) são grafadas em maiúsculas (caixas altas na gíria editorial).
Por isso temos 3 situações:
siglas= EDP, PSP, GNR, etc.
siglas que são acrónimos= SIC, EPAL, NATO, etc.
acrónimos= Gave, Frelimo, etc.
Naturalmente, algumas siglas já entraram na língua portuguesa como nomes e dispensaram entretanto a grafia em maiúsculas, como é o caso de sida, inicialmente SIDA.
Para mais informações sobre formação de palavras sugiro que consulte um pequeno livrinho feito por linguistas: "Inovação lexical em português" de Margarita Correia e Lúcia San Payo de Lemos, editado pelas Edições Colibri e pela Associação de Professores de Português.
SIDA nunca foi sigla, mas acrónimo, agora substantivado: sida. Ou melhor, e atendendo à classificação que estabelece (como também eu o faço), é sigla e acrónimo. Por isso, e quanto à classificação que apresenta, eu referi-la-ia assim:
siglas = EDP, PSP, GNR, etc.
siglas que também são acrónimos = SIC, EPAL, NATO, etc.
acrónimos = Gave, Frelimo, etc.
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