A propósito da destelemovelfobia do leitor R. A., lembrei-me de citar aqui este trecho de uma composição de uma aluna de 11 anos: «E assim foi: começaram a jogar e não foi que a pouco e pouco as outras crianças se desintimidaram e se juntaram ao jogo?!»
O sufixo des- (que nem se sabe se deriva do latino dis- se de de ex) com o sentido de oposição, negação ou falta é o mais produtivo da língua portuguesa. No entanto, há centenas de vocábulos formados com este sufixo que o falante comum desconhece. Um deles é precisamente o verbo desintimidar: acabar com timidez ou constrangimento de. Mas não são apenas os falantes comuns a ignorá-los, também os dicionários. Assim, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não regista «desintimidar». Tal como o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Ora, a aluna também usou o popular desenvergonhado. E que acontece neste caso? Só o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista o adjectivo, mas remete para o verbete desavergonhado. Ora, as acepções não são totalmente sobreponíveis, não são coincidentes, pelo que desenvergonhado merecia um verbete com a definição completa.
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