5.3.10

O plural de Romanov

Ora vejam


      Leio no Manual de Redação e Estilo do Estado de S. Paulo: «Na grafia dos nomes russos, o Estado segue a notação inglesa, com algumas adaptações para o português: 1 — Use i e não y no final dos nomes russos: Trotski, Tchaikovski, Dostoievski, Stravinski, Tolstoi, Maiakovski, Malinovski, Nevski, Kerenski, etc. 2 — Mantenha o h depois do k em nomes como Chekhov, Sakharov, Zukhov, etc. 3 — O grupo zh da transcrição inglesa deve ser substituído por j em português: Soljenitsyn, Brejnev, Jivago (e não Solzhenitsyn, Brezhnev, Zhivago), etc. 4 — O Estado adota o grupo ch e não tch. Assim: Gorbachev (e não Gorbatchev), Kruchev, Chekhov, Chernenko, etc. Exceção: Tchaikovski. 5 — Os nomes russos devem terminar em v e não f: Romanov e não Romanoff; Prokofiev e não Prokofieff; Azov (mar) e não Azof, etc. Exceção, já consagrada: Rachmaninoff. 6 — Use ev e não ov, no final de nomes como Kruchev, Gorbachev, etc. 7 — Não acentue os nomes. Assim: Stalin (e não Stálin); Lenin (e não Lênin); Boris Yeltsin (e não Bóris); Tolstoi e não Tolstói.» Também o Livro de Estilo do Times recomenda: «Romanov prefer to Romanoff for the surname of the Russian Imperial Family.»
      Interessa-me o nome Romanov. No sítio da Universidade de Columbia, leio que a terminação -ov ou -off (sabia, caro Miguel B.?) é o genitivo plural, muito comum em nomes russos, como em Romanov (que significa de Roma). Mas isso é a etimologia. Em obras publicadas em língua inglesa vê-se com frequência Romanovs. Numa gramática de língua francesa (Nouvelle Grammaire Française, Maurice Grevisse e André Goosse. Bruxelas: De Boeck, 1996, 4.ª ed.), leio que os nomes próprios não pluralizam, mas concede: «Quelques noms ont gardé d’anciens pluriels graphiques : Les trois Horaces. Les trois Curiaces. Les deux Gracques. Les sept frères Maccabées ; — notamment des noms de familles, surtout régnantes, dont la glorie est ancienne : Les Ptolémées, les Tarquins, les Césars, les Flaviens, les Antonins, les Sévères, les Plantagenets, les Bourbons, les Stuarts, les Tudors.» Mas também vi noutra gramática francesa que há duas excepções: «les Romanov» e «les Habsbourg».
      Esta é uma mera digressão, pois o que nos interessa é a regra na língua portuguesa, e esta manda pluralizar os apelidos. Se a língua de origem, como acontece no caso dos apelidos anglo-saxónicos, também pluraliza, tanto melhor.

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