«Descubro o meu fundão, submirjo a minha garrafa de cerveja num remoinho à beira de água e pesco durante uma hora, apanhando três pequenas trutas, que devolvo ao rio» (Viagem ao Fundo de Um Coração, William Boyd. Tradução de Inês Castro e revisão de texto de Maria Aida Moura. Cruz Quebrada: Casa das Letras, 2008, p. 125).
Algumas gramáticas e dicionários de verbos consideram submergir regular e conjugável com -e- no radical da primeira pessoa do presente do indicativo e em todo o presente do conjuntivo, e eu também. Esta forma bastarda, submirjo, deve ter sido lapso de algum tabelião mais conspícuo mas já com os copos. Eu próprio estou a beber — numa caneca, não gosto de muitos calicezinhos — uma reserva Dona Antónia (uma velhota tesa, e a cupidez do barão de Forrester, com a faixa panda de moedas de ouro, é que o afogou), e os efeitos, conspícuos ou não, nunca deixam de se fazer sentir.
[Post 3247]
2 comentários:
Pelo que li há algum tempo, a principal defesa da forma «submirjo» baseia-se na comparação com verbos como «convergir» ou «divergir».
Fernando Ferreira
O Dicionário Eletrónico Houaiss diz (embora não explique): «os v. 1) aspergir, convergir, divergir fazem a 1ªp.s. pres.ind. em -irjo (donde o pres.subj. -irja, -irjas etc.), regularizando-se nas demais f., que, nas rizotônicas, têm o -e- aberto; 2) detergir, emergir, imergir e submergir (que se preconizava sem a 1ªp.s. pres.ind. e, assim, sem o pres.subj.) modernamente tendem a fazer -erjo (donde -erja, -erjas etc.), regularizando-se nas demais, com o -e- aberto nas f. rizotônicas; salvo para detergir, o part. é abundante, com o irregular em -erso»
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