Um leitor avisou-me e fui ver. No Telejornal de ontem, a propósito da «contaminação política», o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), João Palma, disse enfaticamente: «Tomara nós, tomara nós, magistrados do Ministério Público, que tivéssemos as condições todas que são necessárias e que não temos, muitas vezes faltam, para podermos exercer a nossa função, sobretudo ao nível da investigação criminal, com meios suficientes, sem constrangimentos de qualquer ordem.»
A tendência é para tomar o vocábulo tomara como interjeição, mas, no caso, a construção teria de ser outra, com a interjeição a ser seguida de uma completiva de infinitivo flexionado. Assim, na frase é errado não flexionar: tomáramos nós... Tratando-se de um magistrado, ainda é mais grave, disso não há dúvidas.
[Post 3214]
6 comentários:
Tomáramos nós que os sindicatos exercessem o seu papel e se deixassem de exercer outros! Tomáramos nós que os magistrados tivessem mais cuidado com a língua... portuguesa! Tomáramos nós que houvesse uma linha a correr no rodapé das televisões que chamasse a atenção para certos dislates pronunciados pelos entrevistadores e entrevistados de modo a que tivessem mais atenção ao que dizem!
Helder,
Pensemos em: "Não fora [fôra] os vizinhos, tinha morrido".
Será preciso conjugar "Não FORAM os vizinhos, ..."?
Poderíamos ter a ver com formas cristalizadas, ditas gramaticais (mas não 'morfológicas').
E isso (refiro-me ao tomara) é possível, caro Fernando, mas com a construção tomara nós termos, etc. Fora disso, nunca vi o tomara como forma cristalizada, como as há, pois claro.
Permito-me discordar do Venâncio. Era o mesmo que admitir que se dissesse "Se não fosse os vizinhos, tinha morrido".
E não teria de se alterar também o segundo vermelho para ter? Tomáramos nós... ter...
Deve ser assim, caro Helder.
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