29.4.10

«Educação» ‘vs.’ «instrução»

Rochdale


      «Uma viúva ofendida por ter sido insultada pelo primeiro-ministro. Pior: uma senhor idosa, obviamente de pouca educação, que nem sequer sabe o significado da palavra que o político, “um homem educado”, usou para a ofender. Foi isto o principal acontecimento do dia do primeiro-ministro britânico Gordon Brown, ao chamar “mulher preconceituosa” a uma viúva de 66 anos que tinha acabado de o interpelar, quando já ia dentro do carro — e levava o microfone de uma televisão na lapela ainda ligado» («Gordon Brown insulta viúva em gaffe de campanha», Clara Barata, Público, 29.4.2010, p. 17).
      Será que Gillian Duffy, a viúva insultada por Gordon Brown, tem pouca educação ou pouca instrução? (A propósito: a tradução de Clara Barata é incompreensível e paradoxalmente disfemística, pois bigoted woman, que foi o comentário do primeiro-ministro da Grã-Bretanha, é muito mais depreciativo.) Há múltiplas relações entre os termos, incluindo de sinonímia parcial, mas é claro que é de instrução que se trata. A Clara Barata sabia que o primeiro ministério, criado em 1870, durante um governo presidido pelo duque de Saldanha, inteiramente vocacionado para as questões da instrução se denominava Ministério dos Negócios da Instrução Pública? Claro que à actual pedagogia do sucesso interessa muito mais o conceito mais holístico de «educação»...

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