«O barco era um iate moderno que tinha de ser entregue em Antígua. Mas os donos tinham sobrecarregado as suas obras mortas com uma luxuosa acastelagem» (O Que Faço Eu Aqui?, Bruce Chatwin. Tradução de José Luís Luna e revisão de Carlos Pinheiro. Lisboa: Quetzal Editores, 2009, p. 20).
Obras mortas e obras vivas, sim, mas o problema está na «acastelagem». Poucos dicionários registam o termo. O Aulete Digital, que o faz, dá a seguinte definição: «O conjunto dos castelos da proa e popa dos navios de guerra antigos.» Não deveria antes ser «castelo»?
[Post 3461]
3 comentários:
Será que o leitor comum sabe que as obras mortas de um barco são a parte do casco acima da linha de água e que a querena, ou obras vivas, é a parte mergulhada? Vi isso em http://portal.iefp.pt/xeobd/attachfileu.jsp?look_parentBoui=28013686&att_display=n&att_download=y, onde se pode ver também o que é o castelo.
Definitivamente, castelo (de proa) e tombadilho (na popa); são estruturas elevadas em relação ao convés principal, o mais elevado convés de vante à ré. Os navios que não têm essas estruturas têm, ao contrário,('rebaixos') proa e tolda, respectivamente.
O Michaelis grande (1998) também registra 'acastelagem', com a mesma definição do Aulete (1881),trocando apenas 'navios' por 'vasos' e fazendo quiasmo em proa e popa. Como dizia Charles Nodier, em 1828, os dicionários são plágios em ordem alfabética.
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