15.6.10

Léxico: «criativo»

Pago para pensar


      Foi uma aposta infeliz e perdida. Ontem, em conversa com um revisor a propósito de publicidade, surgiu a palavra «criativo». Que não existe. Só como adjectivo, dizia-me aquele colega. Ora, os três dicionários que habitualmente aqui refiro — Dicionário Houaiss (uso quase sempre apenas, por facilidade, a versão digital), Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora e Dicionário Priberam da Língua Portuguesa — registam-na, cada um à sua maneira. Talvez a melhor definição seja a deste último: «Em publicidade, pessoa encarregada de ter ideias originais para criar ou lançar um produto.» Neologismo, sim, mas os dicionaristas nem sempre estão a dormitar.
      A propósito de criativos e da aura que, suponho, ainda os envolve — o prazer de criar, etc. —, sugiro a leitura da entrevista que o escritor irlandês Colm Tóibín, vencedor do Costa Book Award para romance, deu ao jornal i. Inquirido sobre porque escrevia, respondeu: «Nem sei, não há nada de divertido no acto da escrita.» E, mesmo que seja pose, afirmou que escrever «só é prazer quando se recebe um cheque».

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