À saída do debate quinzenal no Parlamento, o primeiro-ministro, José Sócrates, disse aos jornalistas: «Não, as únicas medidas que podem haver são aquelas medidas que são previstas no Plano de Estabilidade e Crescimento.»
Por coincidência, já hoje aqui falámos da impessoalidade do verbo haver no sentido de existir. Há, é verdade, alguma tolerância (e é conveniente dizê-lo, pois em público, em vez de se congratularem com um blogue como este, há quem apele para a minha «complacência», como se eu fosse um monarca absoluto atreito a excessos...), dado que se trata da oralidade, mas ainda assim erro é erro, e este é grosseiro. Estão reunidas as condições para ser mais grave do que parece: é o primeiro-ministro e foi aos microfones da rádio.
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6 comentários:
Bem observado! Eu também ouvi tais declarações e registei a ignorância do primeiro-ministro. Este é um erro grosseiro que será evitado por quem tiver feito a escolaridade obrigatória como deve ser. Vou tomar a liberdade da fazer um link nos meus blogues (www.partilhado saber.blogspot.com/ www.oeternoaprendente.blogspot.com).
Não se canse de fazer este tipo de reparos! Eu sou um seguidor assíduo das suas utilíssimas observações.
Bem observado! Eu também ouvi tais declarações e registei a ignorância do primeiro-ministro. Este é um erro grosseiro que será evitado por quem tiver feito a escolaridade obrigatória como deve ser. Vou tomar a liberdade da fazer um link nos meus blogues (www.partilhado saber.blogspot.com/ www.oeternoaprendente.blogspot.com).
Não se canse de fazer este tipo de reparos! Eu sou um seguidor assíduo das suas utilíssimas observações.
Quanto a mim, não percebo mesmo este erro. Alguém me poderia explicar? Não se pode usar "podem haver"?
O mais correto é dizer "pode haver" mesmo que seja relativo a algo no plural. Mas é um erro vulgar na oralidade. Os comentários acima são claramente tonificados pela moda de dizer mal de tudo e todos. Agora até já vão às cerimónias fazer barulho! Qualquer dia ninguém confia em ninguém!
Ok, percebi. Se bem que também percebo que soe mais correcto dizer "podem haver medidas" do que "pode haver medidas". Uma vez tive muito trabalho a convencer o meu irmão de que "Os naturais de Lisboa e quem reside em Lisboa não devem pagar" era correcto, e não "Os naturais de Lisboa e quem vive em Lisboa não deve pagar"... mas a frase era horrível, de qualquer modo.
Ui! Ui! Bruxa!
O problema não está no "pode/podem", está no verbo haver!
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