4.6.10

Aiatola/foxetrote/sprinte

Uma lição


      Não é daqueles tradutores adeptos de aportuguesamentos descabelados, como já aqui vimos, mas ainda assim não deixa de surpreender os que vai adoptando: «Inspirava-o, no entanto, um espírito não menos implacável do que do aiatola e era reclamado em nome de ideais não menos exaltados» (A Mancha Humana, Philip Roth. Tradução de Fernanda Pinto Rodrigues e revisão de Fernanda Abreu. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2004, p. 15). «Havia noites em que cada verso de cada canção assumia um significado tão estranhamente momentoso que ele acabava a dançar sozinho o foxetrote arrastado, leve, repetitivo, banal e, contudo, maravilhosamente útil para criar ambiente que costumava dançar com raparigas do liceu de East Orange, contra as quais comprimia, através das calças, as suas primeiras erecções significativas» (idem, ibidem, p. 27). «Pensar no Dr. Fensterman a entregar ao seu pai um grande saco de papel atafulhado com todo aquele dinheiro pô-lo de novo a correr, a saltar, de brincadeira, imaginárias barreiras baixas (era há vários anos o campeão liceal de provas de barreiras baixas de Essex County e o segundo nos duzentos metros sprinte) até à Evergreen e volta» (idem, ibidem, p. 102).
      De resto, as traduções de Fernanda Pinto Rodrigues deviam ser lidas com muita atenção por tradutores, revisores e editores. Escrever-se-iam menos disparates.

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