Mais uma vez a questão do infinitivo e da sua flexão. Leiam esta frase: «Mas também ouvimos pessoas rejubilar com essa mesma erosão […].» Com verbos sensitivos, defendem alguns estudiosos da língua, não se flexiona o infinitivo. Mas há excepções, alertam outros: se o sujeito vier antes do verbo no infinitivo, a flexão do infinitivo já é obrigatória. É o que eu também defendo. Ora, é justamente o caso da frase que cito acima. Logo, eu escreveria (e corrijo, porque sou revisor e tenho de tomar decisões, que, por vezes, sou chamado a justificar): «Mas também ouvimos pessoas rejubilarem com essa mesma erosão […].»
É este caso idêntico ao dos dragões? Não é: a de hoje tem uma estrutura diferente, estão em causa dois verbos e dois sujeitos. Mas vale a pena compará-las. Gostava de conhecer a opinião dos meus estimados leitores.
[Post 3721]
8 comentários:
Eu escreveria: Mas também ouvimos pessoas rejubilando com essa mesma erosão. Está mal?
Podia identificar os estudiosos da língua que refere?
Antecipadamente grata.
Não vejo por que razão o infinitivo deva ser flexionado se o sujeito vier antes do predicado. "Ouvi rejubilar pessoas" mas "Ouvi pessoas rejubilar"? No primeiro caso, o sujeito, que vem logo a seguir ao predicado, está suficientemente próximo para não permitir dúvidas. Como seu leitor, e não como estudioso da língua (e não percebo o teor da pergunta da sua leitora Sofia), e como tradutor que já por mais de uma vez foi revisto por si, daria luta à emenda.
Corrijo: Queria dizer "Ouvi rejubilar pessoas" mas "Ouvi pessoas rejubilarem"?
(Gostava de consultar as fontes directamente ou que aprofundasse estes terrenos movediços aqui.)
Concordamos. São dois verbos e dois sujeitos diferentes, logo: «Nós ouvimos pessoas a rejubilarem-se». Comparemos com «Eu ouvi pessoas a rejubilarem-se» e com «Todos ouviram o Manuel a rejubilar-se».
Na segunda estrofe do canto I de Os Lusíadas:
'Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte'.
E se a tanto o engenho e
arte me ajudarem? mudaria o verbo apenas porque os sujeitos lhe antecedem? ou porque a concordância a isso obriga?
Pois é, Paulo Araújo. Até me dava jeito concordar consigo, porque vem ao encontro da minha posição. Só que nos versos de Camões que citou o "ajudar" não é um infinitivo.
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