24.7.10

Infinitivo flexionado

Também movediças


      Mais uma vez a questão do infinitivo e da sua flexão. Leiam esta frase: «Mas também ouvimos pessoas rejubilar com essa mesma erosão […].» Com verbos sensitivos, defendem alguns estudiosos da língua, não se flexiona o infinitivo. Mas há excepções, alertam outros: se o sujeito vier antes do verbo no infinitivo, a flexão do infinitivo já é obrigatória. É o que eu também defendo. Ora, é justamente o caso da frase que cito acima. Logo, eu escreveria (e corrijo, porque sou revisor e tenho de tomar decisões, que, por vezes, sou chamado a justificar): «Mas também ouvimos pessoas rejubilarem com essa mesma erosão […].»
      É este caso idêntico ao dos dragões? Não é: a de hoje tem uma estrutura diferente, estão em causa dois verbos e dois sujeitos. Mas vale a pena compará-las. Gostava de conhecer a opinião dos meus estimados leitores.

[Post 3721]

8 comentários:

francisco disse...

Eu escreveria: Mas também ouvimos pessoas rejubilando com essa mesma erosão. Está mal?

Sofia disse...

Podia identificar os estudiosos da língua que refere?
Antecipadamente grata.

Francisco Agarez disse...

Não vejo por que razão o infinitivo deva ser flexionado se o sujeito vier antes do predicado. "Ouvi rejubilar pessoas" mas "Ouvi pessoas rejubilar"? No primeiro caso, o sujeito, que vem logo a seguir ao predicado, está suficientemente próximo para não permitir dúvidas. Como seu leitor, e não como estudioso da língua (e não percebo o teor da pergunta da sua leitora Sofia), e como tradutor que já por mais de uma vez foi revisto por si, daria luta à emenda.

Francisco Agarez disse...

Corrijo: Queria dizer "Ouvi rejubilar pessoas" mas "Ouvi pessoas rejubilarem"?

Sofia disse...

(Gostava de consultar as fontes directamente ou que aprofundasse estes terrenos movediços aqui.)

Franco e Silva disse...

Concordamos. São dois verbos e dois sujeitos diferentes, logo: «Nós ouvimos pessoas a rejubilarem-se». Comparemos com «Eu ouvi pessoas a rejubilarem-se» e com «Todos ouviram o Manuel a rejubilar-se».

Paulo Araujo disse...

Na segunda estrofe do canto I de Os Lusíadas:
'Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte'.
E se a tanto o engenho e
arte me ajudarem? mudaria o verbo apenas porque os sujeitos lhe antecedem? ou porque a concordância a isso obriga?

Francisco Agarez disse...

Pois é, Paulo Araújo. Até me dava jeito concordar consigo, porque vem ao encontro da minha posição. Só que nos versos de Camões que citou o "ajudar" não é um infinitivo.