No Jogo da Língua, na Antena 1, o locutor prometeu oferecer um exemplar da obra 10 Passos para Chegar ao Topo, de João Garcia e Rui Nabeiro, ao ouvinte que respondesse «com correcção». A pergunta era sobre se se diz e escreve «mau-estar» ou «mal-estar». O ouvinte respondeu «com correcção» e até correctamente. A Prof.ª Sandra Duarte Tavares explicou então que é mal-estar e não *mau-estar porque se trata de um advérbio, como quem diz «estar mal», pois ainda lembra a forma verbal. Também se diz «bem-estar», argumentou. Pois aí é que está: lembra, mas já não é. E se não é, menos estranho seria que fosse «mau-estar», ou não? Mas não é, não. Todos os dias os falantes — entre eles talhantes, jornalistas, professores, tradutores, polícias — se esquecem disso: «Isabela não tinha por hábito impressionar-se com facilidade, mas havia neste homem qualquer coisa que lhe causava mau-estar, acrescido ainda pela sensação de náusea proveniente do seu bafo avinhado, e que era quase insuportável» (Isabela, Ethel M. Dell. Tradução de Fernanda Rodrigues. Lisboa: Editorial Minerva, s/d, pp. 227-28).
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