5.7.10

Sobre «sépsis»

Será assim mesmo?


      «A implementação da via verde da sépsis, cuja mortalidade é de cerca de 40% no mundo, está a reduzir os casos mortais pelo menos em três hospitais portugueses, onde esse valor é de 22%» («Via verde da sépsis reduz mortalidade em Portugal», Diário de Notícias, 29.06.2010).
      Começamos por nem sequer ter o vocábulo na maioria dos dicionários. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora (2009), por exemplo, não o regista. Regista sepse, que remete para sepsia: «invasão de um organismo por microrganismos» (p. 1450). Mas, porque já houve tempo em que sepsia e septicemia foram considerados, mesmo pela comunidade médica, como sinónimos, vejamos o que diz aquele dicionário sobre septicemia: «estado grave, produzido pela invasão microbiana do sangue, que depois se espalha pelo organismo» (p. 1450). Sendo assim e salvo melhor opinião, não me parece que tenha sido criada uma via verde para a sépsis — mas para a septicemia. Por outro lado, porque é que na definição de «septicemia» não consta a palavra «doença»? Veja-se esta definição: «Doença sistémica associada à presença de microrganismos patológicos ou toxinas no sangue (bactérias, vírus, fungos ou outros) (daqui). Sépsis é a síndrome de resposta inflamatória sistémica (SRIS) devida à infecção.
      Sépsis é o mais próximo do étimo grego. Nesta língua, significava a decomposição de matéria orgânica animal ou vegetal em presença de bactérias. O primeiro registo do vocábulo foi encontrado nos poemas de Homero.

[Post 3666]

Sem comentários: