18.9.10

Ensino do Espanhol

¡Pepe!
     


      Finalmente, o espanhol está a ter no nosso país a importância que merece. No ano passado, havia 585 escolas que ofereciam o espanhol como língua estrangeira. A procura é tanta, na verdade, que faltam professores, problema que o Governo resolveu de uma penada, aprovando um regime transitório através do qual os candidatos com uma qualificação profissional numa língua estrangeira e/ou Português pudessem também dar aulas de Espanhol se tiverem na sua formação a variante Espanhol ou, em alternativa, o DELE (Diploma de Espanhol como Língua Estrangeira), nível C2 do Instituto Cervantes. (Pelo Real Decreto 264/2008, de 22 de Fevereiro, passou a haver, por imposição do Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas, seis níveis: A1, A2, B1, B2, C1, C2.) Claro que a Associação Portuguesa de Professores de Espanhol como Língua Estrangeira (APPELE) protestou.
      Para amenizar, um facto curioso. O hipocorístico espanhol Pepe é tão comum que até se diz como un pepe para dizer toda a gente. Pepe, como se saberá, é hipocorístico de José e há quem o faça provir da abreviatura P. P., pater putativus, que era o que S. José era em relação a Cristo. A determinada altura, para simplificar, os copistas passaram a adoptar a abreviatura JHS PP e, depois, PP. Há pelo menos outra versão de como terá surgido Pepe, mas é infinitamente mais prosaica e não vale a pena referi-la.

[Post 3890]

2 comentários:

Anónimo disse...

O velho Castilho sabia do que falava quando falava de linguagem (custa a perceber e é pena que não reeditem as suas versões de clássicos latinos - Vergílio («Geórgicas») e Ovídio, - e ninguém se lembre de reunir em volume as sua observações sobre estas coisas: há-de ser do anátema de que o cobriu a famigerada Questão Coimbrã, de tão pouco bom gosto e bom senso), e sentia que a língua portuguesa sai revigorada do contacto do castelhano e derrancada do do francês.

Anónimo disse...

Continuação do anterior:
Em abono do parecer do visconde de Castilho haja vista a qualidade da prosa portuguesa no séc. XVII, em que praticamente todos os nossos escritores sabiam por igual o castelhano, e no séc. XVIII, em que este foi substituído pelo francês na preferência de todos, portugueses ou não. E já agora vem a talho perguntar em que estado sairá o português do influxo do inglês.
Para terminar parafraseando A. F. de Castilho, com este andamento ainda se há-de acabar por dizer que o português, qual hoje o vês, com pouca corrupção crês que é inglês.
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