São nomes próprios, sim senhor, mas é tradição, e respeitável, traduzir a designação de estabelecimentos de ensino estrangeiros — se for possível. Assim, para mim e para milhões de falantes de português, José Sócrates discursou na Universidade de Columbia (ou mesmo Colúmbia), e não na Columbia University. É por isso com estranheza que vejo que J.-M. Nobre-Correia, que tem uma crónica sobre os meios de comunicação social no Diário de Notícias (que, de resto, gosto muito de ler), se diga professor na «Université Libre de Bruxelles». Então escrever que era na Universidade Livre de Bruxelas redundava em menos precisão ou desprestígio? Não percebo.
[Post 3984]
7 comentários:
Concordo. Mas só faria uma alteração - Sócrates falou na "Universidade Columbia", não na "Universidade de Columbia". A universidade fica em Nova Iorque, não numa terra chamada Columbia. E temos a a "Universidade Nova", não a "Universidade de Nova".
Alguma razão deve haver para que a instituição se chame "Columbia University in the City of New York".
É muito fácil, nem há nada mais fácil de perceber: a versão em língua estrangeira, sobretudo se for inglesa ou francesa, goza sempre da preferência dos Portugueses, sobretudo se forem letrados ou semiletrados. Verifica-se essa predilecção em toda a parte, inclusive em não poucos casos trazidos a este blogue.
A mim o que me espanta é ver que de vez em quando alguém se exceptue desta regra.
- Montexto
Aliás, essa preferência é uma das manifestações do fenómeno explicado no «Caso Mental Português», de Fernando Pessoa.
- Montexto
Não resisto:
Porque será que Montexto acha que os "portugueses" são todos iguais e se admire que, às vezes, haja alguns que são diferentes?
Conhecerá tão bem os "espanhóis" e os "franceses" para os distinguir dos "portugueses"?
Será que admite que não há "espanhóis", nem "franceses", nem "portugueses"? Nem ciganos, nem judeus, nem pretos…
Esse Montexto é um iluminado...
Uns iluminados, outros energúmenos, - e assim lá se vai mantendo o mundo na penumbra para não se encandear com a luz daqueles, nem se obumbrar com as trevas destes; aliás, em ambas as hipóteses ficaria às cegas.
Em todo o caso, mais ou menos alumiado sempre eu havia de ficar com os preciosos esclarecimentos e finas achegas dos comentadores não-resistentes. Continuem a não resistir: faz bem desopilar o fígado. Só era bom que espairecessem num português mais escorreito e claro, para que não se perca pitada do que balbuciam. Não há razão para que uns folguem, e a língua sofra, muito menos num blogue desta natureza.
Mas, aos que se escandalizam com o conceito que julgam que eu faço dos Portugueses, lamento ter de lhes apontar mais um motivo de escândalo; ei-lo: «V. distingue os homens de Lisboa uns dos outros? V., nos rapazes do Chiado, acha outras diferenças que não sejam o nome e o feitio do nariz? Em Portugal há só um homem que é sempre o mesmo sob a
forma de dândi, ou de padre, ou de amanuense, ou de capitão: é um
homem indeciso, débil, sentimental, bondoso, palrador, deixa-te ir: sem mola de carácter ou de inteligência, que resista contra as circunstâncias.» É o conceito que Eça de Queirós («Correspondência», Editorial
Caminho, 2008, 1.º vol., p. 560) formou da extrema singularidade e originalidade dos seus compatriotas. Mais um iluminado, decerto...
Enfim, já agora faço aqui um aviso à navegação «internética» futura: não atiro a pardais: o chumbo está caro, e tal caça não compensa a despesa. Ademais, para rematar com Chateaubriand: «Il faut être économe de son mépris en raison du grand nombre de nécessiteux.»
E por aqui me cerro.
- Montexto
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