8.10.10

Revisão

Solércia me parece


      Serigaita. Sirigaita. Bem, começa-se por nem sequer se saber ao certo qual o étimo de serigaita. «Talvez do asturiano xirigata “vozerio, algazarra”», avança, corajoso, o Dicionário Houaiss. «De origem obscura», assegura o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Depois, parece-me muito mais natural, mais fácil, a prolação de «serigaita», pela dissimilação introduzida. Agruras de autor? Nada disso: colegas atrevidos.
      A propósito de prolação, conhecem o Prontuário Sonoro da RTP? Ei-lo aqui. Não têm de quê.

[Post 3951]

7 comentários:

Francisco Agarez disse...

Obrigado.

Paulo Araujo disse...

Vale a pena ver a coragem da definição, da sinonímia e da etimologia do termo no Houaiss original.

Anónimo disse...

Muito útil o prontuário sonoro. Tem lacunas, é claro, como é o caso de «período». Seria interessante saber quantos são os jornalistas (e, já agora, os falantes em geral, a começar pelos professores) que não pronunciam «pe-ri-ú-do».

Venâncio disse...

Eu não pronuncio periúdo, nem mediúcre.

Sou uma alma lavada, benditos céus.

Francisco Agarez disse...

Estou com o Fernando Venâncio.

Anónimo disse...

Ainda bem que existem almas lavadas, embora sejam poucas. Acompanhei de perto os meus filhos desde o ensino básico até à universidade, e conto com os dedos de uma mão os professores que encontrei a pronunciarem «pe-rí-u-do». Mais: ao lado dos professores estão grande parte dos médicos, em particular os de clínica geral e os ginecologistas. Lá está: os que deveriam dar o exemplo não o fazem. E há muitos outros exemplos (veja-se o caso de «dióspiro», que quase toda a gente pronuncia dios-pí-ro).

Anónimo disse...

Sim, «dióspiro», do grego «dióspyros» (fogo divino - e fruto verdadeiramente divinal), voz proparoxítona ou esdrúxula, por acentuada na antepenúltima sílaba: era assim que se ensinava.
Mas um dicionário de 2001 veio assentar que é «dióspiro» ou «diospiro», indiferentemente. Vem da Academia das Ciências de Lisboa, e esta não é o menor dos seus achados.
Como se atesta mais uma vez, e lembrando Nélson Rodrigues, toda cacografia será ... justificada!
Acompanhemos porém o bom Francisco Alves da Costa («Barbarismos da Linguagem», no «Jornal dos Olivais»): «Diga-se e escreva-se, portanto, dióspiro, e não diospiro, pois esta prolação, embora frequente na linguagem do nosso povo, e agora inconcebivelmente sancionada pelos redactores do "Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea", considera-se um erro de palmatória.» Ora pois, estenda lá a douta Academia a mãozinha.
- Montexto