31.10.10

Verbo «colocar»

A maldição


      «Tony Carreira», lê-se no Diário de Notícias de hoje, «voltou à escola onde fez o ensino primário em Armadouro, uma aldeia do concelho da Pampilhosa da Serra, para “um desfiar de recordações” durante a conversa com Manuel Luís Goucha, no programa De Homem para Homem, que hoje vai para o ar às 21.00, no TVI 24» («Tony Carreira partilha recordações com Goucha», Filomena Araújo, Diário de Notícias, 31.10.2010, p. 67). «O cantor recorda», escreve a jornalista, «“a sua professora que o colocava frequentemente de castigo por causa das traquinices que fazia, que o mandava muitas vezes ao quadro e que foi a primeira pessoa da aldeia a ter uma televisão e, por isso, convidou a turma inteira para ir a sua casa assistir às celebrações do 13 de Maio”, revela Manuel Luís Goucha.» O mais certo, se teve sorte, foi a professora pô-lo de castigo; passado todo este tempo, a realidade surge desfocada, e onde havia pores agora há colocares.

[Post 4029]

2 comentários:

Francisco Agarez disse...

Há outra que, ou eu me engano muito, ou também pegou de estaca: há pouco, no telejornal da RTP1, ouvi uma senhora dizer que "no Porto vivem entre x a y brasileiros".

Anónimo disse...

Com efeito, hoje «coloca-se» tudo, Então com «questões», e até com «perguntas», é só o que se usa. Mais uma vez, mas cada vez menos, o contrabando veio de França: «poser une question.»
Está dito e redito desde muito que em português as perguntas fazem-se, e as questões propõem-se, levantam-se, suscitam-se. Mas não adianta: «vox clamantis», etc.
- Montexto