Na Pública de hoje («“Made in China”», p. 71), Ricardo Garcia quis fazer um exercício de estilo à volta das famigeradas fitas do Bonfim. «Amarra-se a dita cuja ao pulso, ao tornozelo ou seja lá onde for e ela vai-se desfazendo aos poucos, lentamente, até se partir — instante em que o desejo professado no momento do nó supostamente se realiza.» Os desejos professam-se? «Na Internet, encontrei um sítio que vende qualquer coisa advinda do Oriente: de cabos coaxiais a enormes gruas, de sacos para compras a bidões para gasolina, de torneiras a computadores, de estátuas religiosas a moldes para plásticos.» As coisas advêm? «Além disso, no fundo, somos todos iguais. Se hoje vivemos refestelados no conforto ocidental, é porque antecessores nossos deram cabo das florestas, conspurcaram os rios, poluíram o ar, exploraram o trabalho infantil e praticaram outros comportamentos cívicos de semelhante nobreza, em prol da acumulação de riqueza.» Praticam-se comportamentos?
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4 comentários:
Já que estamos com a mão na massa, que dizer deste pequeno mimo: "O que eu não estava à espera era que a fitinha(...)"?
Já vimos, caro Francisco, que hoje em dia nem os nobelizáveis, e coadjuvados por revisores filológicos, dão pela falta das preposições...
Pois vimos. E um dia destes, com a ajuda de "grandes dicionários" que mais parecem albergues espanhóis ou mesmo bares de alterne, quem está errado somos nós!
Pode apostar nisso, que não perde.
Mas «albergues espanhóis ou bares de alterne» é bem achado e merecido.
- Montexto
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