21.12.10

Como se escreve nos jornais

Tirem um curso


      «Os investigadores do GPIAA [Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves] detectaram que os flaps “estavam na posição UP”. “Aguarda-se o depoimento do piloto [Diogo Cantinho, de 19 anos] para saber se foi intencional este acto ou se foi consequência da acção dos populares aquando do resgate da aeronave”» («Piloto vai ter de explicar o que aconteceu ao avião que caiu», Luís Fontes, Diário de Notícias, 20.12.2010, p. 20).
      Talvez Luís Fontes saiba o que são flaps na posição UP, mas decerto que não o leitor médio, arredado da aeronáutica. Quanto a «flap», os Brasileiros dizem «freio aerodinâmico», ou dão-lhe feição portuguesa: flape. E o Dicionário Houaiss regista que flape é a «parte da asa de um avião que pode ser deslocada por rotação em torno de um eixo paralelo à envergadura, a fim de alterar a forma geral e as características aerodinâmicas».

[Post 4211]

3 comentários:

Anónimo disse...

In other words - a flop!
- Montexto

Afonso Loureiro disse...

Neste caso, o jornalista citou os investigadores, que se limitaram a usar o "aeronautiquês". Apesar de haver correspondentes na língua portuguesa, a língua que rege as comunicações aéreas é o inglês aeronáutico e poucos há que, ligados ao meio, não digam flaps up ao invés de flapes neutros ou flapes em cima.

Anónimo disse...

Essa definição dos brasileiros está errada. Os travões aerodinâmicos são outra coisa e têm apenas como função desacelerar a aeronave por aumento da resistência ao movimento. Embora os flaps também tenham esse efeito em certas posições, não é essa a sua principal função. Digamos que é um efeito secundário e não um objectivo. Mas em tradução técnica já se sabe que os brasileiros não são propriamente uma referência.