Guardou uma fotografia do marido (†) «along with a vial of constantly half-lifing Urakami dust». «Um frasquinho com pó de Urakami em constante semidesintegração»? Não, não. Já ouviu falar da meia-vida do urânio, por exemplo? E na meia-vida do carbono-14, algo de que a ficção e o cinema se têm servido ultimamente? Meia-vida é o tempo necessário, numa reacção física ou química, para que se reduza à metade da inicial a quantidade de átomos radioactivos idênticos. Vá, agora procure o blogue de um físico nuclear.
[Post 4221]
11 comentários:
?
- Montexto
!
É que essa eu nunca vi.
- Mont.
Por que não escrever a fonte dessa citação? Fiquei curioso.
Também se usa muito o termo "semivida", tanto em física nuclear como em medicina.
Daí que me não pareça tão mal a tradução.
Uma alternativa poderia ser: «com um frasquinho de pó de Urakami cada vez menos radioativo», talvez mais bem compreendida fora do meio científico.
O problema, caro R. A., é que a tradução não fala de semivida nem tão-pouco de meia-vida...
"Semidesintegração" é, de facto, soez tradução. "Half-life" é semivida. Meia-vida já não se utiliza, apesar de achar que seria de melhor serventia, por reflectir com mais precisão o conceito que encerra. Resta dizer que, uma vez conhecida a constante de desintegração de um isótopo radioactivo, basta determinar as quantidades de isótopo "pai" e "filho" para se produzir uma datação. É por isso que na literatura estas coisas aparecem aos pares: 14C/12C, U/Pb (Urânio/Chumbo), Rb/Sr (Rubídio/Estrôncio), Lu/Hf (Lutécio/Háfnio), etc.
Quanto à tradução, não me ocorre nada de significativamente melhor. Apenas faço notar que a semivida (termo actualmente mais usado do que meia-vida, para evitar confusões com a noção de tempo de vida média), quando constante, é um conceito que não está restrito ao fenómeno do decaimento radioactivo, mas a qualquer fenómeno que possa ser descrito matematicamente através de uma função exponencial decrescente. Logo, talvez valha a pena corrigir a definição dada no post. Claro que, no contexto da frase, trata-se de desintegração radioactiva. A aplicação do conceito em reacções químicas, por exemplo, nada tem a ver com decaimento radioactivo.
Socorri-me, como se pode comprovar, da definição do Dicionário Houaiss.
Talvez seja um problema contrário ao do que o Guégués refere o revisor anti-brasileiro; no caso, então, um tradutor 'meio-brasileiro' consultou todos os dicionários brasileiros e só encontrou definições semelhantes à do Houaiss, sem exceção. "A mais abrangente é a do Sacconi:
meia-vida s.f.(a) 1.Física Período de tempo necessário para a desintegração de metade dos átomos numa amostra de determinada substância radiativa (p. ex.: o plutônio 238 tem uma meia-vida de cerca de 50 anos). 2.Biologia Tempo necessário para que metade da quantidade de uma droga ou outra substância encontrada num organismo vivo possa ser metabolizada ou eliminada pelos processos biológicos normais. 3.Biologia Tempo necessário para que a radiatividade existente num organismo vivo seja reduzida à metade de sua eficácia inicial, pela combinação dos processos biológicos de eliminação com o declínio radiativo normal. 4.Biologia e Farmácia Tempo necessário para que o corpo, o tecido ou o órgão metabolize metade da quantidade de uma substância ingerida. 5 Pl.: meias-vidas. 2Não se confunde com meia vida (sem hífen), expressão que se usa em referência a qualquer ser que esteja na metade da sua existência ou da sua real eficácia: Você tem, em tese, meia vida pela frente, quando chega aos 40 anos. Seus pneus ainda têm meia vida."
Infelizmente, a realidade é que, em questões técnico-científicas, os dicionários generalistas não são muito fiáveis.
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