A ideia que tenho é que o galicismo conduta (conduite) cedeu algum campo, nos últimos anos, aos vernáculos procedimento e comportamento. Por vezes, contudo, trata-se de uma falsa questão, pois não se tem de utilizar nenhum dos três vocábulos. Veja-se esta frase: «O homem [ex-militar] com quem me encontrei seguia um código de conduta cujo imperativo era servir os outros.» Nesta expressão em concreto, a locução é, julgam muitos, inescapável. Ora, da leitura do original conclui-se que não era necessário usar nem o galicismo, nem nenhum dos possíveis termos vernáculos correspondentes, nem sequer a expressão. Leiam: «The man I met at that time was living by a code of service to others.»
[Post 4231]
4 comentários:
Eu já o disse aqui: os exotismos insinuam-se e entranham-se de tal maneira em certas - ou melhor, em incertas - mioleiras, que depois são empregados em casos e situações que já nem no original constam. Mais papistas que o Papa.
«Parece que todos porfiam em se desnacionalizarem»: José Leite de Vasconcelos, «Lições de Filologia Portuguesa»,Livros de Portugal - Rio de Janeiro, 1959, p. 330.
- Montexto
Considero-me um dos que mais respeitam a defesa da nossa língua comum, mas não podemos deixar de considerar, no caso dos galicismos, que muitos deles já estão conosco há mais de um século, como este 'conduta' na acepção de 'modo de agir' (Vieira, 1871, Aulete 1881). Se formos radicalizar, ficaremos, pelo exagero, apenas com os primórdios do romanço (com todo respeito pelas opiniões contrárias). Não esqueçamos que temos mais de mil arabismos que não foram jogados ao mar do Algarves pelo rei Afonso III; e já lá se vão quase oito séculos. São adstratos, não empréstimos, mas, no fim, dá no mesmo; a língua os absorve e continua crescendo.
Complementando: 'má conduta', na acepção de 'mau comportamento' é locução jurídica e um dos coocorrentes mais comuns na língua.
Uma pessoa expõe, depois cada um dispõe, e serve-se daquilo de que gosta.
- Montexto
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