«“Fazer um título é complicado na medida em que é difícil encontrar uma fórmula que intrigue o leitor, que seja chamativa, não seja especulativo e que informe”, disse Bárbara Almeida, de 14 anos, aluna da Escola Básica Paulo da Gama, na Amora» («Alunos aprendem a fazer títulos e a vencer dificuldades», Ana Filipe Silveira, Diário de Notícias, 11.06.2010, p. 67). Estão a ver como uma adolescente, em visita ao Media Lab do Diário de Notícias, sabe como fazer um título jornalístico? Na última crónica do provedor do Público, esta questão foi abordada. Em causa estava um título abstruso: «Só ameaça de demissão de Assis travou revolta na Bounty socialista». Recomenda no fim o provedor, José Queirós: «“Revolta”, embora aparentemente pífia, ainda vá. Agora “na Bounty”, a que propósito? Se a isto juntarmos que em nenhuma parte do destaque se explica o que foi essa “revolta na Bounty”, podemos concluir que a escolha de um título algo críptico, e por isso menos eficaz, deveria ter sido evitada» («Títulos para descodificar», Público, 12.12.2010, p. 39).
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3 comentários:
Eis o que os adolescentes talvez não saibam:
-que os títulos são feitos à pressão por jornalistas mal pagos e sobrecarregados de trabalho, forçados a encher chouriços à pressão
-que os títulos têm de ser encaixados, dê por onde der, nos espaços que a maquetagem lhes atribuir, porque na imprensa portuguesa o grafismo tem sempre preponderância sobre a escrita
-que os títulos são muitas vezes alterados por editores que frequentemente nem lêem o texto cujo título estão a modificar
-que os títulos podem nem ser lidos por revisores, porque a imprensa portuguesa anda há vinte anos em corte de custos, e claro que a primeira coisa onde os patrões da imprensa cortam é na revisão, porque o Word tem um corrector automático, não tem?
E é assim que a língua acaba na Bounty, com o capitão Bligh.
Recomende lá o que recomendar a e os da «netiqueta», seja lá isso o que for, não posso deixar de aplaudir o Redactor Frustrado, tanto no fundo como — raridade — na forma. Que querem? Muito ao contrário do que possa parecer ao primeiro lance, do que eu gosto é de dizer bem, mas as oportunidades são tão raras, como bem advertiu Pedro George!
— Montexto
Também eu o aplaudo, mas, para não perder o ensejo, digo que faltaram os pontos-e-vírgulas ao fim de cada alínea.
P.S.: O espírito do Natal deve estar abrandando o espírito do Montexto. Bem bom! =)
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