Luciana Abreu e Yannick Djaló pensaram, pensaram, pensaram, pensaram... e o nome do bebé saiu, escorreito e portuguesíssimo: Lyonce Viiktórya. Apesar de toda a incompetência e ignorância que já vi em conservatórias do registo civil, palpita-me que o nome não vai ser admitido. Ah, mas não era disto que eu queria falar. Disto, sim: «Muitas vezes obrigando a correrias loucas em direcção a todos os pontos cardeais e colaterais, especialmente por a máquina de campanha ser um somatório de boas vontades e de amadorismo, a campanha que hoje termina foi diferente. Ou tentaram fazer que o fosse. Pela postura, pelo rótulo de “candidatura da cidadania”, pelo ênfase dado às propostas, em detrimento dos ataques e contra-ataques entre candidaturas, que tornam o debate político essencialmente pobre», Pedro Olavo Simões, Diário de Notícias, 21.01.2011, p. 10).
Um dia, os jornalistas ainda saberão que o vocábulo «ênfase» é do género feminino. Entretanto, nem tudo é de rejeitar. Vejam esta frase, por exemplo: «Ou tentaram fazer que o fosse.» Em cada mil jornalistas, 999 escreveriam assim: «Ou tentaram fazer com que o fosse.»
[Post 4345]
10 comentários:
Sabe-se que o lusíade puro-sangue pela-se por se enfeitar com uma graça exótica, nem que a vá filar aos Botocudos, Tupinambás, Bijagós ou Jívaros (para trazer à colação gente que já compareceu neste blogue).
Certo, ênfase deve pertencer ao sexo de dois canos, como lhe chamava o velho Henry Miller. Mas, só para relativizar, lembro que o mesmíssimo Fernandinho Pessoa, essa divindade, no seu tempo a incluiu no outro.
- Montexto
Também era bife.
Claro.
- Mont.
Reparei que o Helder escreveu «nome do bebé». Foi apenas opção, ou rejeita a possibilidade «nome da bebé»? Alguns dicionários já acolhem «bebé» como substantivo de dois géneros.
RS
Nós diríamos «dicionários»...
Veja-se o "Vocabulário Ortográfico", de Rebelo Gonçalves: "bebé, substantivo masculino".
Concretizando: vejam-se, por exemplo, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa e o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa. Etiquetar o segundo como «dicionário» até nem me custaria muito, mas o primeiro...
Tudo isto, claro, independentemente do facto de a grande maioria da população portuguesa dizer, ao referir-se a um recém-nascido do sexo feminino, «a bebé» há já largos anos, e com surpreendente naturalidade.
RS
O Volabulário Ortográfico do Português que está no http://www.portaldalinguaportuguesa.org/, diz que "bebé", substantivo e adjetivo, tem dois géneros.
O dicionário Houaiss diz o mesmo mas só considera o substantivo.
Já disse: a tendência, índole e génio da língua pende nestes casos para «feminização».
- Mont.
É bem verdade que quase todo jornalista escreveria "com que o fosse", mas isso não é erro.
É mais um bastardo já perfilhado e legitimado pela língua, sempre caroável com estas alfaias mui escusadas, como diria D.Francisco Manuel.
- Montexto
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