«Alguns dos operários despediram-se, por julgarem que ao trabalharem sob o arco-íris das Pinturas Zeitoun iria supor-se que eles eram gay, que por qualquer motivo a empresa somente conseguia contratar pintores gay» (Zeitoun, Dave Eggers. Tradução de Jorge Pereirinha Pires e revisão de Carlos Pinheiro. Lisboa: Quetzal Editores, 2010, p. 24).
Não sei o que pode levar um tradutor a deixar no original a palavra «gay». O pouco respeito pela língua, talvez. Então já não se diz «homossexual»? Escrevo este texto, porém, por outro motivo: então e a concordância? Já não se sabe distinguir substantivo de adjectivo?
[Post 4329]
2 comentários:
Sabia-se desde muito que uma das características da modernidade é a confusão de géneros - literários e outros, - mas agora está cada vez mais moderna e, ultrapassando-se a si própria, estende a confusão até onde pode, e portanto também aos números, em todos os campos - literários, políticos e financeiros.
- Montexto
Ademais, com a vasta sinonímia de que dispõe a vernaculidade para crismar o fenómeno, só mesmo pelo fascínio da ingresia e sestro de importar se justifica o termo forasteiro. Alguém indique a tradutor e revisor as autoridades na matéria, como o velho Bocage, dignamente (o advérbio não devia ser bem este) continuado em anos recentes pelo autor do «Meu Pipi», ainda por cima um dos livros mais bem escritos dos últimos tempos (do que é prova o não ter recebido algum prémio, tanto quanto me conste).
- Mont.
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