«Pela secretária — enorme — e por muitos dos bancos do anfiteatro estavam espalhadas 68 folhas de cartão. Presos em cada uma delas — como se fossem folhas secas, num herbário — estavam outros tantos perfis de peixes verdadeiros, quase todos em bom estado de conservação, animados à custa de verniz e de olho brilhante e vivo em folha de ouro. […] Certo é que as colecções de herbários de peixes — designa-se mesmo assim, o resultado daquela técnica de conservação — são raras, na Europa. E que ainda o são mais as que resultaram da longa e frutuosa expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira. D. João VI terá levado para o Brasil muitas peças que ainda não foram identificadas; outras desapareceram com o incêndio no Museu de Bocage (Museu Nacional de História Natural, Lisboa), em 1978. Em Portugal, restava uma pequena colecção de 18 exemplares, idênticos aos descobertos em Coimbra» («O segundo achamento dos peixes da Amazónia», Graça Barbosa Ribeiro, «P2»/Público, 20.01.2011, p. 9).
O que me parece é que os dicionaristas ignoram isto. Querem ver que ao Grande Dicionário Sacconi da Língua Portuguesa nem esta escapou?! Tem a palavra o leitor Paulo Araujo.
[Post 4362]
8 comentários:
Agora também há argumentários, milagrários, etc. Faça-se mais um milagre: haja um ousado que ponha a circular «peixário».
Para que vejam como também somos «evoluídos e progressistas«, enfim «modernos»...
- Montexto
Pois é, Helder, fico lhe devendo esta; nenhum dos 6 grandes dicionários brasileiros traz essa acepção. Pelo visto,o nosso bom Cabral esqueceu de embarcá-la na caravela.
Pensando bem, Helder, confesso que é um pouco estranha ou forçada a acepção de herbário denotada à coleção de peixes dessecados, mesmo por extensão de sentido, tanto assim que nenhum dicionário da língua, de todos que consultei, brasileiros e portugueses, a contêm. Nada impede que seja criado, neste blogue, por formação nocional, com base na onomasiologia, o nome 'pisciário' para designar tal coleção. A regra está disponível no campo 50, página XCIV, Detalhamento dos verbetes, vol. 1 da edição portuguesa (Temas e Debates) do Houaiss, ou equivalente na versão impressa eletrônica da edição original. Há pouco, fazendo uma tradução de Max Müller, precisei 'contestá-lo' em pé de página para apresentar noções de palavras definindo assassinatos específicos, (de filho ou vizinho)que ele asegurou não existirem, por não existirem em inglês; filicíio existe e plesiocídio eu registrei como sugestão.
Penso que podemos matar qualquer coisa com um sufixo -cídio, basta querer. Podemos até cometer, quem sabe, idioticídios diários. Só é preciso ousar um pouquinho e não esperar que alguém o faça por nós e que o registrem os dicionários.
Estou com o digníssimo Paulo Araujo nestas questões, tanto do herbário quanto dos assassinatos específicos.
A «pisciário» também não diria que não.
Para «herbário» referido a peixes confesso que não estava preparado. Mas já se viram piores, e, hoje em dia, nestas coisas deve-se estar preparado para tudo - «ad utrumque paratus».
- Mont.
Corrigindo: filicídio; quanto a plesiocídio, se não ocorrem tantos nos condomínios é porque sempre aparece alguém da turma do deixa-disso para acalmar os ânimos.
Correção ao meu primeiro post: a)fico-lhe; b) seis.
Morte ao herbário ... de peixes (?). Viva o pisciário.
(Senão, um dia destes, temos um centenário de dezenas ou um fontanário de ribeiras ...)
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