13.2.11

«Gama social»?

Lapsos do fado

      No programa Vozes da Lusofonia, de Edgar Canelas, na Antena 1, Carlos do Carmo disse que uma banda tinha tocado num «pelourinho». Edgar Canelas não o corrigiu. Queria dizer, mas a palavra deve estar-lhe empoeirada num escaninho da memória e talvez longe da experiência, «coreto». Mais misterioso foi ter falado, a propósito da nova geração de fadistas, de «gama social». Já tenho ouvido, sim senhor, mas não me convence. O sentido figurado do vocábulo «gama» talvez não seja, afinal, tão elástico.

[Post 4432]

4 comentários:

Anónimo disse...

Que se há-de dizer? - Gente gamada no erro: sempre que se lhe depara a mais remota possibilidade de cincar, lá está ela para a agarrar pelos cabelos e dizer: presente!
- Montexto

R.A. disse...

Eu cá, quando cinco, nunca o faço de propósito. Acredito que isso aconteça com os outros. Por exemplo "gente gamada em" por "gente gomada em" só pode ser lapso, nunca ignorância ou erro voluntário. Dizer "gama social" pode querer dizer (não sabemos o contexto) faixa ou classe social. É como diz o Helder, um uso muito elástico. Merece comentário mas, pôr no pelourinho quem anda há tantos anos e tão bem nos coretos e outros palcos do mundo, parece-me demais. Há tanta diferença entre o tom que Helder usa para nos fazer refletir e o modo verdadeiramente inquisitorial dos comentários de Montexto que, às vezes, apetece pedir que vá pôr os ovos noutro ninho. Resta a consolação de que, com alguma frequência, a sua erudição é uma mais-valia, mas, por vezes, mais valia estar calado!
[aposto que vem aí insulto]

Anónimo disse...

Cá está o bom R.A., a estender os lombos ao exercício das tais bengaladas por que se pela. Apesar de eu já ter protestado não atirar a pardais, abro uma última excepção para este passarinho, já que as está pedir por boca e não pode passar sem elas, e só por ser quem é, merece um desconto, mas só desta feita.

Pois é, lá está mais uma vez e sempre o caro R.A. a agarrar pelos cabelos a hipótese de cincar e dizer: presente!, como avezinha gamada no erro como as moscas no «mot de Cambronne». Não, passarinho, «gente gamada em» nem é lapso por «gente gomada em», nem ignorância nem erro voluntário. É mesmo «gente gamada no erro», no sentido brasileiro e popular da expressão de «gente apaixonada pelo erro, vidrada no erro, que gosta muito do erro, que se interessa muito pelo erro», enfim gente que o caro R.A. vê todas as manhãs ao espelho quando procede às suas tão necessárias abluções, se é que se lava. Até o último Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa dá notícia desta acepção de «gamado», por mim empregada (e não «empregue», caro R.A.) só para fazer respondência (e não «pendant», caro R.A.) a «gama», vocábulo trazido à balha (não, caro R.A., não é lapso por «baila», nem ignorância nem erro voluntário, é «balha» mesmo).
Mas também já antes se me azou ensejo de lembrar que, se os morcegos nunca atinam a ver a luz, a culpa não é do Sol, e há verdades que é preciso estar sempre a repetir, porque, de tão óbvias, a gentinha esquece-as.
Quanto ao mais, caro R.A., peça o que quiser, se bem que a sua voz e dos tais da sua espécie nunca cheguem ao Céu.
- Montexto

R.A. disse...

Eu não disse?