Será que quis dizer
«Um concerto é um concerto, mas ter um(a) notável compositor(a) em palco faz dele um acontecimento. Agora, o compositor ir tocar... aquafone?? Mas é mesmo assim: Gubaidulina interessou-se pelo invento (1969) do americano A. Waters (um apelido bem a propósito...). De aço inoxidável e bronze, é um instrumento acústico em que o som é produzido por fricção de um arco. A base circular tem um conjunto de ressoadores com água no interior e dela sai, a toda a volta, um conjunto de varetas verticais de comprimentos diferentes afinadas segundo uma combinação diatónica e microtonal em duas escalas» («Um instrumento no mínimo bizarro», Bernardo Mariano, Diário de Notícias, 9.02.2011, p. 47).
Todos os dicionários que consultei ignoram o vocábulo. O mais próximo que registam é «aquaforte». Não serve.
(No programa Império dos Sentidos, da Antena 2, Paulo Alves Guerra disse repetidamente, contaram-me hoje, «Gubáidulina». Anteproparoxítona, hem? Temendo isso, Sofia Gubaidulina explicou no Centro Cultural de Belém que se pronuncia «Gubaidúlina».)
Todos os dicionários que consultei ignoram o vocábulo. O mais próximo que registam é «aquaforte». Não serve.
(No programa Império dos Sentidos, da Antena 2, Paulo Alves Guerra disse repetidamente, contaram-me hoje, «Gubáidulina». Anteproparoxítona, hem? Temendo isso, Sofia Gubaidulina explicou no Centro Cultural de Belém que se pronuncia «Gubaidúlina».)
[Post 4418]
10 comentários:
3 minúsculas observações para:
1.ª lembrar mais uma vez, no couce processional de quem consumiu muito e o melhor do seu tempo a parafusar nestas questões magnas, que «bizarro» em bom português significa coisa bem diferente de estranho, extravagante, excêntrico, etc., como ainda alguns dicionários têm a honradez de advertir;
2.ª alertar para a frequência com que se tem vindo a usar — eu diria abusar, — sobretudo na fala, do advérbio «agora» com o sentido de conjunção adversativa ou a caminhar para aí. Parece-me que os bifes é que normalmente faziam e fazem mais uso do seu «now» em passos destes...
3.ª se o nome da compositora (que só de ouvir música ligeira, ainda que bem feita, fica doente, honra lhe seja!) fosse muito ouvido entre nós, e não se resolvessem a pôr-lhe o acento no 2.º «u», não tardaria muito a pronunciar-se como paroxítono.
— Montexto
Fiquei curioso e encontrei o tal instrumento (waterphone), inventado por Richard Waters (vem daí o nome?) Alguém em Portugal, Pedro Leal, participa da história do instrumento, detalhado no sítio .
A tradução, portanto, está adequada; o instrumento é bem estranho, extravagante, excêntrico, exótico, esquisito, esdrúxulo, singular, estrambótico, grotesco, insólito, incomum, estapafúrdio, estúrdio, etc, tudo que um francês chamaria simplesmente de, 'bizarre'.
Amém, caro Pedro. E acrescente-lhe ainda talvez o mais insólito de todos: espiclodrífico. Portanto, nestes transes, necessidade de bizarro, nenhuma.
- Mont.
Aliás, Paulo. Peço desculpa.
- Mont.
Aliás, espiclondrífico. Enfim...
- Mont.
Se o instrumento não tem água e o inventor foi o senhor Waters, parece que não devia traduzir-se para aquafone (waterphone) mas apenas aportuguesar-se para waterfone, a exemplo do que fizemos com sousafone (sousaphone) e cordofone (chordophone). E também porque o w já faz parte do nosso alfabeto.
Segundo o Diário de Notícias de ontem (9), o aquafone terá uma caixa de ressonância inferior de água; nela nasce um conjunto periférico de varetas de aço de diferentes alturas provocando varias tonalidades; será tocado com um arco.
Obrigado, caro Franco e Silva. Vou acrescentar na descrição.
Em sendo assim, detalhe que não percebi na foto do instrumento, o nome aportuguesado me parece absolutamente correto.
Aportuguesar é sempre correcto, caro Paulo. Deixe dizer quem diz.
- Mont.
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