16.2.11

Léxico: «quebrança»

Compare-se

      Continua o mesmo Paulo Fernando a falar: «Era meio-dia. Tinham acabado de mudar o turno. Uma tripulação foi substituída por outra ali no cais da praia da Laje. Depois seguiram no bote para a zona da Pedra. Eu tinha ido tomar um café quando de repente vi a embarcação na quebrança das ondas e a ser levado. O barco tinha-se virado» («Morre no mesmo mar onde procurava jovens», Lília Bernardes, Diário de Notícias, 16.02.2011, p. 15).
      Quebrança, na definição do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, é o «ruído das ondas ao quebrarem-se nos rochedos». Hum... Para o Dicionário Houaiss, é o «choque de ondas contra rochedos».

[Post 4441]

2 comentários:

Anónimo disse...

Este Paulo Fernando tem olho para o verbo! A sério. Oxalá não o ponham a escrevinhar para jornais; senão, ainda no-lo estragam.
- Montexto

Anónimo disse...

Já quanto a «QUEBRANÇA, s. f. O quebrar das ondas nas rochas: “Acompanhava-lhe a voz guaiada o marulho monótono das ondas em quebrança”, Coelho Neto, “Banzo”, 148. * Bras. Fase das marés em que elas começam a ser pequenas, no curso das quadraturas.»

*
Claro que depois disto interroguei-a sobre «GUAIADO, adj. e s. m. Ant. Dizia-se do canto que começava pelo neuma “guai” (ai): “espichando o pescoço, pôs-se a gemer com altos guaiados: Ai! de mim, que vou morrer sem alguém que me valha», Coelho Neto, “Fabulário”, 14. [Notai o «alguém» por «ninguém», que também podia ser; isto para recordar aquela questão do «não viu alguém», giro usado por Camilo, em vez do igualmente correcto e só mais comum «não viu ninguém».] * Mofino, triste, infeliz: “Que quem tem vida guaiada coma vós da vossa sorte”, Gil Vicente, “Trovas a Afonso Lopes Sapaio”, in “Obras”, V, 259. * Lamentado, chorado, plangente, triste: “Acompanhava-lhe a voz guaiada o marulho monótono das ondas em quebrança”, Coelho Neto, “Banzo”, 148».

*
Sim, é a «Portuguesa e Brasileira», a tal. Venham-me cá com dicionários académicos!...
- Montexto