Das Donas
João Almeida entrevistou hoje Marçal Grilo no programa Quinta Essência, na Antena 2. Marçal Grilo, licenciado em Engenharia Mecânica (ainda o curso era de seis anos e havia apenas cinco engenharias), diz «embraiage» e não «embraiagem». Talvez até escreva, quem sabe, embrayage. Ouvi falar de uma senhora idosa que diz «cláxon» e não «buzina», e talvez até escreva klaxon. João Almeida: «Ora então, mas, além disso, por exemplo, essa zona é também de António Guterres, é, salvo erro, de Donas, não é?» Marçal Grilo: «É das Donas, é.»
[Post 4521]
7 comentários:
Não averiguei se é de Donas ou das Donas, mas sei que nos deixou nas lonas.
— Montexto
O prof. Hermano Saraiva, cuja família me parece que é de lá, sempre se lhe refeiriu como as Donas, e nunca ouvi dizer doutra maneira.
Marçal Grilo foi polido a corrigir o dislate "Guterres é de donas".
Cumpts.
Apesar de tudo, ainda bem. Ser das donas vai sendo cada vez mais raro... Vivam os abencerragens deste culto minoritário em tempos moderníssimos. «Hip, hip...»
— Mont.
deixá-los falá-los q'eles calar-se-ão!!!!
Meu Deus, meu Deus, bem vedes que todos temos a nossa cruz! Mas nós perdoamos-lhe, seguindo o alto exemplo, porque aquilo não sabe o que diz.
— Montexto
Caro R.A., a frase é um pouco mais ribombante: «deixá-los falá-los qu'eles calarão-se-ão».
A propósito deste tema, pode consultar-se com algum proveito «A determinação de topónimos ou de nomes de localidades», em «o Português para todos», de Helena Mateus Montenegro, João Azevedo Editor, 2005, p. 69-73. Dão-se vários exemplos de topónimos açorianos, e estabelecem-se ou esboçam-se aí regras ou critérios para distinguir os casos em que o topónimo é ou deve ser precedido do artigo, e acaba por se reconhecer que «Na ausência de estatísticas, e recorrendo tão só [sic] a observação directa, parece mais frequente, nos tempos actuais, o uso dos topónimos antecedidos apenas de preposição, quando em inúmeros casos a presença do artigo seria de norma». E a boa da Senhora adverte e recomenda, piedosa: «Multiplicam-se papéis timbrados de câmaras e juntas de freguesias onde se utiliza a “ficha zero” Câmara de X, Junta de Y. As opções incorrectas, por desconhecimento de como funciona a língua, deverão ser contrariadas por um constante interrogar-se sobre pormenores de língua aparentemente ínfimos, mas que estabelecem uma diferença qualitativa, essencial ao crescimento de qualquer sociedade», — que se conheça, reconheça e preze, acrescentaria eu.
Interrogações dessas parece-me que não têm faltado neste blogue...
— Montexto
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