9.3.11

«Ave/pássaro»

Devia ser medonho, sim

       está a confusão entre pássaro e ave: «Reza a lenda que um dia surgiu nos céus de Aguiar da Beira um pássaro gigantesco parecido com uma cegonha mas infinitamente mais medonho. O povo ficou aterrorizado com tal criatura, e mais aterrorizado ficou quando o pássaro resolveu escolher a torre da igreja matriz para aí fazer o seu ninho. Conta-se que foi tal o susto, que até o pároco fugiu da igreja e se recusou a lá voltar. Os anos foram passando e a população continuava a viver com o credo na boca por causa do enorme pássaro a que deram o nome de cabicanca por causa da grande bica que tinha, ou seja, o grande bico» (Mafalda Lopes da Costa, Lugares Comuns, Antena 1, 9.03.2011).
      Não é fácil imaginar um «pássaro» do tamanho de uma cegonha, a não ser por mutação genética...
      A lenda diz ainda que foi um almocreve, Martinho Afonso, o Escorropicha, que deu um tiro na cabicanca. Tiro com uma funda, talvez... municiado com copos de três. E a propósito de Escorropicha, lembrei-me disto.

[Post 4545]

1 comentário:

Anónimo disse...

Com avezinha do Paraíso assim tão canora e diserta cumpre não ser tão supercilioso e fero como o tal caçador: «Está o lascivo e doce passarinho/ Com o biquinho as penas ordenando; / O verso, sem medida, alegre e brando,/ Espedindo no rústico raminho;/ O cruel caçador (que do caminho/ Se vem calado e manso desviando)/Na pronta vista a seta endireitando,/Lhe dá no Estígio lago eterno ninho./Destarte o coração, que livre andava,/ (Posto que já de longe destinado)/ Onde menos temia foi ferido.» O resto bem sabeis onde...
— Montexto