8.3.11

Concordância verbal

Sujeito composto

      «Se algum dia forem apanhados em manobras golpistas, comecem e acabem por negar tudo, todos os factos, todas as evidências. Se tiverem sido sujeitos a escutas válidas, neguem. Se um ou outro transeunte desatarem a fazer perguntas incómodas, neguem. Se os factos forem demasiados e comprometedores, neguem» («Boys em apuros: guia prático», Pedro Lomba, Público, 8.03.2011, p. 40).
      Das «evidências» já estamos cansados, mas não é disso que quero falar. Reparem nesta frase: «Se um ou outro transeunte desatarem a fazer perguntas incómodas, neguem.» Estará correcta? Sim, está. Como também não estaria incorrecta com o verbo no singular, uma vez que a ideia expressa pelo predicado, como ensina E. Bechara, se refere a toda a série do sujeito composto: «Se um ou outro transeunte desatar a fazer perguntas incómodas, neguem.»

[Post 4541]

5 comentários:

Luís Serpa disse...

Neste caso não penso que "evidências" esteja a ser usado como sinónimo de prova. Ou enfim, pelo menos pode não estar.

Anónimo disse...

Bastante pertinente e pedagógica esta sua entrada no blog. Gostava de ver mais textos seus nesta linha.

Paulo Araujo disse...

Lembro-me de uma professora da 1ª série ginasial que nos ensinou: "o soldado ou o padre irão para a guerra". Ou vai um, ou o outro, ou vão os dois.

Anónimo disse...

Mas já a desconcordância escachouceia proterva neste passo que inicia os Conselhos à Criadagem, de Swift, na edição da Ática, que cito de memória: «nenhum de vós podeis ir...» Mas, pelo estado das coisas, não me espanta que se me prante já aí um da glote a jurar pelos Evangelhos que sim senhor, por isto e mais aquilo, e não só a absolver, mas a abençoar a «evolução», ámen, vá em paz.
— Montexto

Anónimo disse...

«Quando o vosso amo ou ama chamar um criado pelo nome, e se este criado não estiver perto, nenhum de vós haveis de responder»: assim começa a tradução dos Conselhos à Criadagem, e começa mal.
— Mont.