Então, gramatize-se!
«— João! Vê se consegues arranjar carne — um bom pedaço dela — e traze-ma cá!» (A Aventura no Circo, Enid Blyton. Tradução de Vítor Alves. Lisboa: Editora Meridiano, Limitada, 1969, p. 188).
«Se o uso natural insiste no diz, guardem os gramáticos o dize para a ênfase ou para o... artificialismo. Gramatize-se definitivamente o “diz lá isso”, e não se esqueçam os filólogos de que já no latim a forma dic era vivedoira ao par de dice. O precedente exemplo do latim mostra ser caturrice anacrónica o rigor de só admitir o janota do dize. E quanto ao faz, ao lado de faze, e traz, ao par de traze, requeiro a mesma hospitalidade. O latim também aqui nos ensina a ser razoáveis (fac, face, trac, trace)» (Vasco Botelho de Amaral, Glossário Crítico de Dificuldades do Idioma Português. Porto: Editorial Domingos Barreira, 1947, p. 366)
[Post 4585]
1 comentário:
Aqui o que urge advertir é que realmente — «gramatizou-se». E gramatizou-se em tanta e tal maneira que acabou por se cair no extremo oposto do censurado pelo bom Vasco: da prática de só «gramatizar» as formas «dize», «faze», «traze», etc., passou-se para a prática de «gramatizar» só as formas «diz», «faz», «traz», etc.
Também aqui in medio stat virtus, e o que cumpriria era «gramatizar», sim, as recomendadas pelo bom Vasco, sem deixar de «gramatizar» as já então «gramatizadas».
Porque ambas são empregadas, embora mais a formas terminadas em «s». Haja lembrança dos exemplos que trasladei para este blogue da trad. que Herbert Caro fez do Doutor Fausto, de Th. Mann, da D. Quixote, 2010.
Enfim...
— Montexto
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