Para os lobos
«É o caso dos milenares fojos, estruturas de pedra destinadas a capturar lobos e que constituíram a primeira forma de defesa das populações, em que algumas chegavam a ter um quilómetro de extensão. Actualmente, em Portugal, estão identificadas cerca de 200 destas estruturas, a maioria datadas da época medieval, mas algumas já com mil anos de história. Em todo o mundo, apenas o Norte da Península Ibérica conserva este tipo de estruturas, mas em estado de abandono. […] O “fojo de paredes convergentes” é o mais emblemático das várias e seculares armadilhas construídas pelo homem para defesa. Trata-se de estruturas de pedra, afastadas das populações, com duas longas paredes de dois metros de altura e um quilómetro de extensão, que convergem para um fosso. Destes há cerca de 50 estruturas a aguardar recuperação» («Antigas armadilhas para lobos passam a atracção turística», Paulo Julião, Diário de Notícias, 7.03.2011, p. 22).
Para quem nunca viu um fojo, as simples definições dos dicionários deixam os falantes apenas entreadivinhar a realidade (com excepção do «venerando Morais», como escreveu aqui recentemente Montexto, com a unção própria de quem ama a língua). A etimologia de «fojo», que muitos asseveram encontrar-se no latim fovea,ae, é que me não convence inteiramente. Terá passado pelas grafias foio e foyo, antes de acabar em fojo.
[Post 4539]
1 comentário:
Numa das Novelas do Minho, que começa com a evocação de Padre António de Azevedo, mestre do moço Camilo em Vilarinho da Samardã, alude-se às batidas aos lobos que se faziam ou fizeram nesse termo.
A palavra «fojo» ficou-me sempre ligada a essas páginas...
— Montexto
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