8.3.11

Léxico: «rebuçadeiro»

Embuçados e rebuçados

      «A receita dos rebuçados da Régua é um segredo bem guardado pelas rebuçadeiras da Régua há mais de um século. Todos sabem que são feitos com limão, mel e manteiga, mas o ingrediente que os torna únicos ninguém revela» («Criar os filhos a vender rebuçados», José António Cardoso, Diário de Notícias, 8.03.2011, p. 22).
      Não vejo a palavra em nenhum dicionário — o que levaria certa colaboradora do Ciberdúvidas (que na última emissão do programa Páginas de Português estribilhou a sua resposta à pergunta sobre como se deve escrever o antropónimo Vinicius/Vinícius com vários, inestéticos e desnecessários «o que é que acontece?») a escrever que, se «ainda não foi dicionarizada, portanto também não será 100% correcta, se quisermos ser completamente rigorosos». A propósito, já alguma vez reflectiram na etimologia do vocábulo «rebuçado»? O rebuçado é embrulhado, envolvido em plástico ou papel, ficando assim oculto, escondido, embuçado, rebuçado.

[Post 4538]

4 comentários:

Bic Laranja disse...

Ah! Encapuzado...
Cumpts.

Anónimo disse...

Também reparei nessa do «é que», e estava para o referir. Foi tão repetitivo (e em geral na fala só a repetição torna a irregularidade ou o deslize realmente censurável) que saltava aos... ouvidos. E ainda por cima num programa de linguagem... Haja dó dos ouvintes, e tento na língua.
— Montexto

Anónimo disse...

Estribilhos e ecos?
Pergunta Carlos Vaz Marques ao poeta António Barahona, na revista LER, Dezembro de 2008, em linha: — «O que é que aprendeu de essencial no Café Gelo?… Mas o que é que subsiste dessa aprendizagem?... Como é que começou a frequentar o Café Gelo?... Como é que foi acolhido?... Lembra-se como é que foi posto à prova?... Como é que se intitulavam esses dois livros que renegou?... Quem é que tinha as melhores técnicas para isso?... Como é que era o seu modo de vida, nessa altura?... Lembra-se porque é que na altura em que escrevia nas paredes era anti-salazarista?... Como é que acontece a sua passagem do outro grupo do Gelo, surrealista, para a poesia experimental?... Como é que se deu a sua descoberta do islão?... O que é que distingue o poeta do homem comum?... A que é que atribui isso?...» É que… é que… é que… é que…: vê-los vão a levantar voo! Oxalá fosse para bem longe… Eu atribuo isso a falta de ouvido e de bom gosto.
E o poeta e tradutor da Bhagavad Gita do sânscrito, em verso, responde: — «O que eu gostaria de dizer é que — naturalmente, com isto também o vou escandalizar mas recomendo-lhe a leitura — vale mais uma página de qualquer discurso de Salazar do que toda a obra de Saramago. Estilisticamente. O autor de cabeceira do Salazar era o padre António vieira. Se ler qualquer dos discursos do Salazar lê português. Que é uma coisa que já raramente se encontra. É um clássico.»
Quê?! Hum! Não sei, nunca li nenhum. Ora aí está um juízo que talvez valha a pena verificar…
Mas continua: — «Olhe, dos livros do Saramago que eu quis ler por mim, nunca consegui passar das primeiras páginas. Um livro que uma vez me obrigaram — obrigaram, entre aspas — a ler, porque queriam que fizesse sobre ele uma nota, foi o Evangelho segundo Jesus Cristo. Cheguei ao fim do livro e nem sequer uma nota para dizer mal me apeteceu fazer. Nem sequer merece que se diga mal. É uma merda. O prémio Nobel está completamente desprestigiado. Quando o Prémio Nobel se dá a um escritor medíocre da craveira do Saramago e não se dá, por exemplo, a uma Agustina ou a um Herberto Hélder ou a um Cesariny, que na altura estava vivo, não se entende. E a mesma coisa com o Lobo Antunes.»
— «Também já o leu?» — «Não dá. Não dá porque, repare, a leitura tem de ser um prazer. A pessoa não se pode estar a obrigar a ler livros.»
Quê? Ainda bem que, sem sairmos da LER, mas agora do mês corrente, somos logo um pouco tranquilizados: George Steiner assegura-nos que Lobo Antunes merecia o Nobel juntamente com Saramago, ou ainda mais, e em todo caso talvez o venha a ganhar. Hum! Também não sei, nunca o li. Ora aí está mais um juízo que talvez nem valha a pena verificar...
— Montexto

Bic Laranja disse...

McCeisso.
Cumpts.