Esses grandes inventores
«Disse um taxista de Tóquio: “Parece que é domingo”. Parece que um feitiço prendeu a megapólis de mais de 35 milhões de habitantes num domingo permanente. As ruas estão vazias, circulam poucos carros. Tóquio mudou e poderá não voltar a ser a mesma durante muito tempo. O sismo de 11 de Março não derrubou prédios nem abriu fendas nas estradas, mas criou o medo da radioactividade no único país onde caíram duas bombas atómicas, durante a II Guerra Mundial» («Em Tóquio, agora é domingo todos os dias», Ana Gomes Ferreira, Público, 18.03.2011, p. 16).
Podia ser, pois temos o vocábulo «pólis» (embora, para alguns dicionários, seja somente «cidade-estado»), a que juntaríamos o antepositivo mega- (conexo com megal(o)-). Mas não precisamos de inventar o que já foi inventado: temos o vocábulo megalópole («grande aglomeração populacional constituída pelo conjunto de várias áreas metropolitanas, cujas fronteiras se interpenetram», como se lê no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora). Em língua inglesa escreve-se megalopolis, que tem a variante (cá está!) megapolis. E mais: não devia ser «megápolis», à semelhança de acrópole, cosmópole, helépole, metrópole, necrópole, pentápole, etc.? Para terminar: o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa — oh vergonha — não regista o vocábulo «megalópole». Não, agora é que é para terminar: cara Ana Gomes Ferreira: não se envergonhe de usar o dicionário. Envergonhe-se, como jornalista, do contrário.
[Post 4579]
9 comentários:
Amanhã estará no Priberam. Quem aposta?
Não me parece correcto que o Priberam seja criticado por estar atento ao que se escreve neste blogue (e noutros blogues, provavelmente); se o não fizesse, é que haveria bons motivos para o censurar. Poderá ter muitos defeitos, mas é evidente que, com cada alteração que faz, o Priberam tenta melhorar. Louvemos, portanto, essa atitude.
Mais um exemplo dos muitos que se nos deparam a cada passo: o pessoalinho tem a ecoar-lhe no ouvido, em vez da lídima portuguesa, a forma bife da coisa, de a ler e ouvir nos livros, revistas, periódicos, canções, fitas, programas, etc., tudo e sempre em bife, que metralham o bicho-do-ouvido de qualquer cidadão português ao presente. O costume...
— Montexto
Caro anónimo,
Deixe-nos brincar um pouco. Afinal, depois do trabalho que aqui fazemos, bem o merecemos.
Amanhã talvez não porque é sábado.
Cumpts.
De minha parte, posso dizer que não era uma crítica ao Priberam; era antes um elogio ao blogue, pela influência que temos visto exercer sobre alguns sítios.
É já hoje .
Cumpts.
Pedi a aposta. Cumprimentos ao pessoal do Priberam pela presteza (essa aliteração saiu-me sem querer).
Leia-se "perdi".
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