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24.4.11

«Recorde» como adjectivo

Valha-vos Deus!

      O Público continua, absurdamente, a ligar com hífen o adjectivo «recorde» à palavra que qualifica: «No final de 2009, mais de 563 mil pessoas estavam sem trabalho. Mas este número-recorde, que elevou para 10,1 por cento a taxa de desemprego, depressa foi ultrapassado» («Taxas-recorde de desemprego marcaram esta legislatura do PS», Raquel Martins, Público, 22.04.2011, p. 12). Os copidesques, que por sua própria boca proclamam não estar lá para rever, não se enxergam. Ide em paz e continuai a viagem.

 [Post 4721]

24.1.11

Ortografia: «cor de ferrugem»

Perdulários


      «Um vasto manto de lama, cor-de-ferrugem, engolia casas, árvores, caros» («Tupã: o supercomputador para prevenir tragédias», Vanessa Rodrigues, Diário de Notícias, 24.01.2011, p. 41).
      Poupe os hífenes, senhora jornalista, podem vir a fazer-lhe falta noutra ocasião. Já noutros textos foquei esta questão.

[Post 4352]

18.11.10

Compostos com o prefixo «bem»

Como calha


      «As vítimas nunca desconfiavam do indivíduo. “Bem falante e possível herdeiro de empresas” convencia os lesados a entrar no negócio, prometendo uma taxa superior à da banca, mesmo na ordem dos cem por cento, independentemente do prazo do investimento. Presente ao juiz de instrução em primeiro interrogatório ficou em prisão preventiva» («Futebolistas vítimas de burla milionária», Alfredo Teixeira, Diário de Notícias, 18.11.2010, p. 18).
      O jornalista esqueceu-se de uma regra elementar: usa-se hífen nos compostos formados com o prefixo bem, quando o segundo elemento começa por vogal ou h, ou então quando começa por consoante, mas está em perfeita evidência de sentido: bem-aventurado, bem-aventurança, bem-humorado; bem-criado, bem-fadado, bem-fazente, bem-fazer, bem-querente, bem-querer, bem-vindo. Quanto à pontuação, o melhor é nem falar.

[Post 4095]

5.10.10

Hífen em apelidos

Rejeitado pelo hífen


      «Em privado, o nome do ex-reitor da Universidade de Lisboa circulava como sendo o provável candidato dos comunistas às próximas eleições para Belém. O partido, no entanto, terá preterido o intelectual em favor do proletário. José Barata-Moura, que sempre a manteve o hífen no nome, não é o candidato. Mas está na luta, no papel de mandatário nacional de Francisco Lopes à Presidência da República, candidatura apoiada pelo PCP» («O filósofo que ajudava os meninos a comer a papa», Francisco Mangas, «DN Gente»/Diário de Notícias, 2.10.2010, p. 2).
      Dito assim, até parece que o hífen, e o que significa, é o argumento oculto do PCP para não o ter escolhido para candidato. E quanto a manter o hífen, parece ser uma determinação dele, pois na imprensa o nome aparece quase sempre sem hífen. Por outro lado, e, na verdade, o único aspecto (para além, obviamente, do sociolinguístico) que interessa, tem o ex-reitor da Universidade de Lisboa direito a usar o hífen no nome? Herdou-o ou acrescentou-o? Todos conhecemos casos de pura pretensão. Imaginem uma mulher portuguesa de apelido Maria Silva que casou com um Sr. Adlersflügel. Pode assinar Maria Silva-Adlersflügel? É claro que sim. Pode exigir que os outros o façam? É claro que não.


[Post 3934]

«Taco-a-taco/taco a taco»

Mais uma escorregadela


      «Um caminho que tem dado bons resultados a Murdoch, que viu o canal passar de 17 milhões de assinantes, em 1996, para ser a rede com maior número de telespectadores regulares, lutando taco-a-taco com a CNN» («Guerra entre Obama e Murdoch sem fim à vista», Fernanda Mira, Diário de Notícias, 2.10.2010, p. 58).
      Nem pensar. Trata-se de uma locução adverbial, logo, não tem hífenes. Se fosse substantivo, então sim, por analogia, deveria tê-los. Claro que, para tal, é preciso que quem escreve saiba distinguir entre substantivo e locução...

[Post 3930]

30.9.10

Ortografia: «terra natal»

Pecha hodierna


      «Jesus faleceu poucas horas depois de orientar o clube da terra-natal, o Sporting de Espinho, num jogo da Zona Centro da II Divisão, contra o Boavista (1-1)» («O guardião que fica na história do V. Guimarães e da selecção», R. M. S., Diário de Notícias, 28.09.2010, p. 47).
      O revisor antibrasileiro iria grunhir de espanto e dor: ele não admite (!) hífen nem sequer em casa-mãe ou em factor-chave. Engana-se, contudo, em relação a estes últimos.

[Post 3925]

28.7.10

«Passar a pente fino»

Andam trocados


      «Restauração passada a pente-fino» (Correio da Manhã, 27.07.2010, p. 22). Se os jornalistas escrevem assim e se os revisores deixam passar, imagine-se o resto. Então não é passar a pente fino que se escreve? Não é o que fazem, e este erro é recorrente. Hífenes. Agora também lhes deu para não grafarem com hífen o vocábulo nadador-salvador: «Marco saía com familiares de dentro de água, quando os nadadores salvadores já não estavam ao serviço, e, a poucos metros da areia, numa zona de fundão, desapareceu quando uma onda rebentou. O pânico instalou-se junto da família e dos banhistas que ainda estavam no local. Alguns nadadores salvadores que ainda estavam por perto lançaram-se ao mar, mas não conseguiram encontrar o jovem» («Mar esconde corpo de jovem banhista», João Tavares, Correio da Manhã, 27.07.2010, p. 11).

[Post 3733]

17.3.10

Encadeamentos ocasionais

Que alguém saiba


      «Depois tenciono fazer Bordéus — Toulouse — Perpignan, atravessar a fronteira em Port Bou e daí descer a costa para Barcelona — Valência — Granada — Sevilha» (Viagem ao Fundo de Um Coração, William Boyd. Tradução de Inês Castro e revisão de texto de Maria Aida Moura. Cruz Quebrada: Casa das Letras, 2008, p. 150).
      Espera-se sempre que, não conhecendo o tradutor a língua portuguesa (e alguns estão tão longe da língua viva como nós da China), pelo menos o revisor domine o código de escrita. Em alguns casos, é esperar demasiado. Estatui a Base XXXII do Acordo Ortográfico de 1945: «Emprego do hífen em combinações ocasionais de formas diversas que não constituem propriamente palavras, mas encadeamentos vocabulares. (Exemplos: a estrada Rio de Janeiro-Petrópolis; o desafio de xadrez Portugal-França, etc.)»

[Post 3249]

4.1.09

«Hífens» e «ciclámens»

Aqui está



      Ainda se lembrará, caro Fernando Ferreira, dos hífens. Pois aqui está: Tomaz (ou, para os mais comichosos, Tomás) de Figueiredo a escrever — e ninguém me convence que se enganou duas vezes seguidas — ciclámens: «A ver se o Pedro, pela Páscoa, apresentava bons canteiros de tulipas, bons ciclámens… Que ela até lhe prometera um fato se lhe apresentasse boas tulipas, bons ciclámens, para a mesa do dia de Cruz…» (Uma Noite na Toca do Lobo, pp. 25-26). Estará por ciclâmens, estará, mas não saberia o autor, cuidadoso como poucos, o que estava a fazer? Vão-se somando as excepções…