9.5.06

Léxico: gurcas, outra vez

Imagem: http://enquirer.com

Gurcas no Ikea



      Há dias, falei aqui da palavra «gurcas», recomendando então a forma aportuguesada. Pois no mesmo dia, a edição do Courrier Internacional publicou esta notícia:
      «”Gurkhas. Em Nottingham, Ikea rima com “gurkhas”. Perante o aumento dos roubos, a cadeia sueca recrutou antigos soldados nepaleses para vigiarem a sua loja de Giltbrook. “Não há dúvida de que a minha experiência nas operações de manutenção da paz me está a ser muito útil”, diz Lal Bahadur Gurung, ex-membro do 10.º Regimento.»
      Olha se se lembram de pôr gurcas no Ikea de Alfragide! Haverá gurcas em Portugal? Sikhs há alguns. E os Sikhs eram, juntamente com os Gurcas, as melhores tropas do Império Britânico. Até tenho um vizinho que é sikh. De vez em quando, vejo um turbante cor de laranja passar debaixo da minha janela. Nunca o vi, contudo, usar o kirpan, o punhal cerimonial que são obrigados a transportar (1). Há até uma gurdwara, um templo sikh, em Portugal. É a Gurdwara Sikh Sangat Sahib e fica na Rua Padre Américo Monteiro Aguiar, na Pontinha.


(1) Sim, obrigados. Lembram-se do indiano Fauja Singh, de 94 anos, o mais velho atleta a correr a Meia-Maratona de Lisboa? Pois bem, ele e os 20 atletas da equipa Sikh Runners trazem o seu kirpan à cintura. O kirpan não é, contudo, uma arma, mas um símbolo religioso. A prová-lo, o facto de recentemente o Supremo Tribunal do Canadá ter autorizado um jovem sikh a usar o kirpan na escola ao anular uma decisão em sentido contrário do Tribunal de Recurso do Quebeque. O acórdão do Supremo Tribunal, votado por unanimidade, fundamenta-se na Carta de Direitos e Liberdades contida na Constituição canadiana.