Num artigo — «Optimus Pessimus» — do jornal 24 Horas, de quinta-feira, podia ler-se: «Marisa Correia, Paula Graça, Andreia Gomes, Luís Raimundo e dezenas de assistentes e supervisores programados para aldrabar, bolsaram que “não há equipamento em stock pós-venda em lado nenhum”» (p. 48). Com a perturbação, a ofensa não saiu lá muito escorreita. Vou deter-me apenas na palavra «bolsaram», esquecendo a pontuação. Como direi? A palavra está correcta, mas no contexto errado. Bolsar significa fazer bolsos e foles (um vestido mal talhado, por exemplo). O jornalista deveria ter escrito «bolçaram», isto é, vomitaram. Bolçar e vomitar provêm do mesmo étimo latino, sendo assim palavras divergentes ou alótropos. Através de vários fenómenos fonéticos, de vomitiare* chegou-se a bolçar. Esta última costuma aplicar-se mais às criancinhas de colo. Adentrando-me mais nesta matéria escatológica, direi que o bolçar é menos abundante e o vomitar é mais de esguicho.
* Vomitiare era, em latim, o intensivo de vomere.
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