9.8.08

A verdade das entrevistas

Hum…


      A estranheza de Ferreira Fernandes é a minha estranheza: na entrevista ao Público, as palavras eram mesmo de Cristiano Ronaldo? De facto, há elementos a afiançarem ao leitor que foi uma entrevista presencial: «O Manchester e os seus adeptos podem ter a certeza que nunca os esquecerei, aconteça o que acontecer. São especiais e têm um cantinho aqui guardado [bate com a mão no coração]» («“Ficar no Manchester não será um sacrifício mas uma honra enorme”», Nuno Prata, Público, 7.08.2008, pp. 2―3). Conclui Ferreira Fernandes a sua crónica no Diário de Notícias: «Pois eu não lhe ‘tou grato por ele falar como Paulo Rangel interpela o Governo. Não vai a bota do mais genial dos extremos com a perdigota do falar de um qualquer professor agregado. CR corre, não tem motricidade; CR é bom sempre, não tem sustentabilidade. Se ele falasse como parece na entrevista, a transferência não seria para o Real Madrid mas para o ISCTE» («Alinhar na equipa barata do falar caro», Ferreira Fernandes, 8.08.2008, p. 64). Até eu, no Record, ponho os atletas, em especial os futebolistas, a falarem com menos erros, mas coisa ligeiríssima, evitando apenas os erros que suponho (e se calhar suponho mal) chocariam os leitores. Nunca me passou pela cabeça pô-los a falar com a eloquência de Catão, o Censor.


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